Maior mistura de biodiesel impulsiona produção em 2018 e ajuda indústria de soja

O Brasil deverá produzir quase 31% mais biodiesel em 2018, refletindo a antecipação em um ano do aumento da mistura do produto ao diesel, para março. A decisão foi tomada nesta quinta-feira pelo governo e deve ter efeitos positivos para a indústria de soja, além de reduzir a necessidade de importação do derivado do petróleo.

A antecipação do aumento da mistura de 8% (B8) para 10% (B10) foi aprovada em reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), realizada em Brasília. A resolução apenas chancela uma decisão que já havia sido tomada.

Em setembro, o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, disse que o governo anunciaria até o fim do ano a elevação da mistura. As discussões quanto à antecipação começaram em julho, quando o setor de biodiesel se reuniu com o presidente Michel Temer para fazer tal demanda.

Pelos cálculos da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a produção de biodiesel do Brasil deverá aumentar para 5.5 bilhões de litros em 2018, contra os 4.2 bilhões de litros estimados para 2017.

Segundo a entidade, o processamento de soja deverá aumentar em 1.5 milhão de toneladas no próximo ano, para 43 milhões de toneladas, graças à implantação do B10, aumentando também a oferta de farelo de soja para a indústria de carnes.

No total, a destinação de óleo de soja para produção de biodiesel em 2018 deverá ser de 3.7 milhões de toneladas, acima das 2.9 milhões de toneladas consideradas para este ano, segundo a Abiove. Entre 75% e 80% do biodiesel fabricado no Brasil tem a soja como matéria-prima.

A antecipação do B10 é uma boa notícia para o setor de soja, que se prepara para colher na safra 2017/18 o segundo maior volume da história.

Desde que começou a ser adotado, em 2005, até 2017, o biodiesel gerou demanda para processamento doméstico de 98 milhões de toneladas de soja. Outras 4.2 milhões de toneladas de gorduras animais foram utilizadas, evitando o descarte inadequado no meio ambiente, segundo a Abiove.

Impacto econômico

Ainda segundo os cálculos da Abiove, o B10 significará economia de US$ 2.2 bilhões com a substituição do volume equivalente importado de diesel mineral. A expectativa é de que também leve à criação de 20 mil novos postos de trabalho.

“É uma boa notícia. O aumento do biodiesel trabalha três pilares: o da sustentabilidade, o da inclusão social e o da parte econômica, com dois pontos positivos, ao agregar valor dentro do Brasil e também aumentar nossa segurança energética”, disse o gerente de economia da Abiove, Daniel Furlan Amaral.

 

Fonte: Reuters

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