Macaúba: Mercado de carbono e produção de biodiesel

A macaúba produz de sete a oito vezes mais óleo por hectare/ano do que a soja – Imagem de Michelle Raponi por Pixabay

A macaúba é uma palmeira nativa do nosso país e possui uma vasta cadeia de valor com subprodutos voltados para a produção de ração animal, carvão ativado, cosméticos e também de biodiesel. Este último, dá-se com a utilização do ácido oleico, presente na polpa de seu fruto.

Grandes empresas nacionais e internacionais do ramo de biocombustíveis estão investindo fortemente no uso dessa planta. Um exemplo é a Acelen, controladora da refinaria de Mataripe, que anunciou um investimento de R$ 12 bilhões para combustíveis renováveis, sendo R$ 8,5 bilhões destinados à utilização da macaúba.

Biocombustível

Tal palmeira produz de sete a oito vezes mais óleo por hectare/ano do que a soja, enquanto o produto oriundo do fruto pode ser usado para produzir diesel verde, o HVO (Hydrotreated Vegetable Oil, na sigla em inglês), e ainda querosene sustentável de aviação, o SAF (Sustainable Aviation Fuel).

Está nos planos da Acelen produzir os dois tipos de combustíveis citados acima visando o mercado externo, onde os dois produtos já são aprovados para comercialização e consumo. A previsão da refinaria é de, em 10 anos, gerar 20 mil barris/dia de óleo vegetal (macaúba, especialmente), representando cerca de 1 bilhão de litros/ano, o que equivale ao abastecimento anual de 1,1 milhão de veículos.

Embrapa Cerrados

De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, Marcelo Fideles Braga, a instituição iniciou estudos sobre a macaúba em 2006 e, em 2008, foi instalado o Banco de Germoplasma. Para ele, muitos avanços foram alcançados desde então, não somente pela Embrapa, mas por outras instituições como UFV e IAC.

“Além da criação do Banco de Germoplasma, também temos avanços nos estudos de populações nativas para seleção de melhores acessos, pesquisas de ponto de colheita, teor e perfil de óleos na polpa e na amêndoa, condução e seleção de acessos para lançamento de cultivares”, disse Marcelo Braga.

Mercado de carbono

Empresas como a startup Inocas, com sede em Patos de Minas (MG), tem focado na integração da macaúba a pastagens para recuperar solos degradados e gerar, consequentemente, receitas adicionais para agropecuaristas familiares.

A planta sequestra carbono podendo, até mesmo, negativá-lo. Cada hectare de macaúba com pastagem sequestra cerca de 20 toneladas de carbono por ano, de acordo com pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).

Cultivo de macaúba

Marcelo Braga explicou que a escolha do local com solos profundos e férteis, áreas com estação chuvosa com 1200 a 1600 mm de precipitação anual são requisitos importantes para ter êxito no cultivo desta palmeira. “Na região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, encontram-se as populações naturais de macaúba com as melhores produtividades. Um outro item de muita importância é a formação do plantio com plantas selecionadas, obtidas de sementes coletadas em matrizes superiores”, finalizou.

Por Larissa Machado

 

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