Após anos de discussões, os produtores nacionais de maçã conseguiram uma importante vitória: o governo indiano autorizou a importação da fruta por meio de tratamento a frio. Com a conquista, a Índia já deve ocupar, em 2018, um dos primeiros lugares no ranking das exportações nacionais do produto.
Portaria do Ministério da Agricultura indiano, publicada no final do mês de agosto, alterou a legislação local relativa ao controle de pragas, de modo a exigir apenas o tratamento a frio em pré-embarque e em trânsito, por 40 dias, nos carregamentos de maçãs oriundas do Brasil.
Antes desta regulamentação, havia a exigência de tratamento no pré-embarque com brometo de metila, substância potencialmente danosa ao meio ambiente. Além disso, a aplicação do brometo de metila no destino dependia de autorização renovada anualmente e trazia ainda mais insegurança para os exportadores.
“A Índia exigia que nossas maçãs recebessem os dois tipos de tratamento, com brometo de metila e a frio, o que não é praxe no mercado internacional. Normalmente, exige-se apenas um dos dois tratamentos. O brometo de metila diminui muito a vida útil da fruta. Como a viagem do Brasil até a Índia é longa, exportar maçãs se tornava praticamente impossível”, comenta o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), Pierre Nicolas Pérès.
De acordo com a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a negociação com os indianos envolveu, também, o Ministério das Relações Exteriores e produtores brasileiros.
“Estávamos há cerca de quatro anos tentando derrubar estas exigências fitossanitárias. O ministro Blairo Maggi (MAPA) e sua equipe tiveram papel fundamental nesta vitória”, acrescenta Pérès.
Para o presidente da ABPM, o Brasil tem grande vantagem competitiva porque tem sua produção justamente no período de entressafra indiano. “Nossa safra ocorre entre fevereiro e maio, enquanto a indiana, de agosto a dezembro. Entraremos neste intervalo”, explica ele.
A produção brasileira na safra 2016/2017 foi de 1,3 milhão de toneladas. Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os grandes produtores de maçãs, seguidos pelo Paraná. A região Sul produz 98% da safra nacional da fruta.
Com o acordo, conta Pérès, os embarques de maçãs para a Índia devem saltar de 40 contêineres no ano passado para mil contêineres em 2018. “Se tudo der certo, vamos ter de aumentar nossa produção para atender ao mercado indiano”, comemora ele.
Os principais compradores da maçã brasileira são Bangladesh – em média 35% do volume total exportado -, Irlanda, Portugal, Reino Unido, França, Rússia, Espanha, Emirados Árabes Unidos, Holanda, Suécia, Arábia Saudita e Índia.
Equipe SNA/Rio