A maioria das notícias veiculadas sobre o agronegócio brasileiro, principalmente relacionadas com nossa produção de soja e milho, são extremamente otimistas, no entanto, temos muitos problemas para resolver, que às vezes não dependem só dos produtores rurais, mas sim de atitudes das entidades de classe e dos governos, tanto estaduais quanto Federal.
Nesta última safra que colhemos (2022/2023), alguns problemas começaram a se apresentar de maneira mais intensa, causando muitos prejuízos, como a falta de logística e de armazenamento específico.
Em cinco safras, de 2017/2018 para 2022/2023, nós aumentamos nossa produção de 123 milhões para 154 milhões de toneladas, na soja e de 81 milhões para 127 milhões de toneladas no milho. Nestes mesmos cinco anos, excluído algumas melhorias nos portos de carregamento e no sistema de transporte fluvial, pouca coisa ou quase nada foi feito no nosso sistema rodoferroviário.
O projeto da “Ferrogrão”, que ligará Sinop (MT) a Miritituba (PA), que contribuirá muito para o escoamento de nossa produção, reduzindo significativamente o valor dos fretes, ficou parado diversos anos porque a ferrovia terá que passar alguns quilômetros em áreas de um parque nacional. Recentemente, foi autorizada a continuidade dos estudos de viabilidade da obra.
Nossa capacidade de beneficiamento (secagem e limpeza) e armazenagem também evoluiu muito pouco neste período, a prova disto é a quantidade enorme de silos bag que estão sendo usados para armazenar grande parte da enorme safra de milho que tivemos.
Todos estes percalços somados a falta de um planejamento adequando por parte dos produtores, concentrando volumes enormes de venda de produto no início da safra, para fazer frente aos financiamentos do plantio, fez com os prêmios, tanto da soja quanto do milho, despencasse para níveis que a muito tempo não se via no mercado.
Em função disto, a soja brasileira que não perde em nada, em termos de qualidade para a soja americana, chegou a valer em determinado momento US$ 26,00 por tonelada (US$ 1,54, R$ 7,37 por saco) menos que nosso principal concorrente no mercado.
Como a tendência é de continuarmos a crescer nossa produção, entidades do agro, governos e até o setor privado tem que começar a se preocupar e encontrar solução para estes gargalos. É preciso criar e apostar em soluções ágeis de logística que otimizem a operação e reduzam os custos na produção, além de integrar desde a produção até o escoamento dos produtos de forma eficiente.