Limite de crédito a cooperativas pode ser revisto

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, telefonou no fim da semana passada ao colega Henrique Meirelles, da Fazenda, para tentar convencê-lo de que o governo federal precisa revogar a regra estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) que limitou o acesso de cooperativas agropecuárias a crédito rural no país. Maggi afirmou que sua pasta não foi consultada sobre a medida. Os presidentes das principais cooperativas do setor já estiveram em Brasília para pedir o fim das restrições.

Maggi e Meirelles combinaram que nesta terça-feira (1º) o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, fará uma reunião com Blairo e o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, para avaliar a possibilidade técnica de reverter a norma do CMN. As cooperativas alegam que a medida ampliará o custo de suas operações financeiras, já que terão de tomar mais crédito no mercado a juros mais elevados, e que seus produtores associados serão prejudicados.

O Ministério da Agricultura concorda, e quer que as cooperativas possam voltar a se financiar com recursos subsidiados como era até a temporada 2016/17, com o limite estabelecido com base no interesse dos cooperados, não por grupo. A Fazenda e o Banco Central alegam, contudo, que identificaram uma grande concentração de crédito rural oficial nas mãos de poucas cooperativas de grande porte, e que por isso resolveram adotar medidas para evitar esse quadro.

Como já informou o Valor, Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), reconhece que os maiores grupos do setor chegam a tomar até R$ 2 bilhões de crédito por safra. Mas lembrou que os montantes contratados depois são pulverizados em um grande número de associados. De acordo com Freitas, a nova fórmula resultará em custo financeiro adicional total da ordem de R$ 1.5 bilhão para as cooperativas instaladas no país.

Em 7 de junho, mesmo dia em que o governo lançou o Plano Safra 2017/18, o CMN estabeleceu que as cooperativas agropecuárias terão limite de financiamento a juros controlados de R$ 600 milhões por CNPJ ao longo da temporada. Pela resolução do conselho, o teto diminuirá de forma progressiva até chegar a R$ 400 milhões em 2019/20.

 

Fonte: Valor Econômico

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