Com o início do período de entressafra, o Índice de Captação de Leite do CEPEA (ICAP-L/CEPEA) se reduziu expressivos 7,35% de fevereiro para março. Esta foi a maior queda na captação dos últimos nove anos, segundo a série do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ/USP.
Além do período de entressafra, muitos produtores já estavam adiantando a secagem das vacas em meses anteriores, o que limitou ainda mais a oferta de leite em março. Entre os estados acompanhados nesta pesquisa, Minas Gerais registrou a maior queda na captação, de 8,8%, seguido por Goiás (8,36%), Paraná (7,66%), São Paulo (7,43%), Bahia (6,25%), Rio Grande do Sul (5,45%) e Santa Catarina (4,75%).
Nesse cenário, o valor do leite recebido pelo produtor subiu expressivos 5,86% em abril, a maior alta mensal dos últimos seis anos, atingindo R$ 1,1068/litro na “média Brasil” – que é ponderada pelo volume captado nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. Com relação ao mesmo período do ano passado, o aumento é de 13,95%, em termos reais (valores atualizados pelo IPCA de março/16).
Vale lembrar, no entanto, que, além da menor oferta atual, o forte aumento em 12 meses também se deve a uma recuperação de preços, já que, em 2015, a média de preço do leite foi a menor desde 2010. Contabilizando-se frete e impostos, o preço bruto teve média de R$ 1,2106/litro em abril, 5,72% acima do de março e 13,84% superior ao de abril/15, em termos reais. No acumulado deste ano, o aumento já chega a chega 12%.
Além da queda na produção em março, que elevou ainda mais a competição entre as indústrias quanto à matéria-prima, os valores pagos ao produtor de leite também subiram em decorrência dos elevados custos, especialmente do concentrado. A opção dos produtores de leite em migrar para a pecuária de corte também tem influenciado a menor captação pelos laticínios.
Para o próximo mês, a expectativa é de que os preços do leite sigam em alta, ainda impulsionados pela oferta restrita neste período de entressafra. Cerca de 84% dos agentes entrevistados pelo CEPEA (que representam 71,2% do volume amostrado) acreditam em nova alta nos preços do leite, enquanto o restante (16%, que representam 28,8% do volume) acredita em estabilidade nas cotações – frente ao mês passado, houve aumento no número de colaboradores que estima estabilidade nos valores. Nenhum dos colaboradores consultados estima queda de preços para o próximo mês.
O aumento no número de colaboradores que acredita em estabilidade dos preços no curto e médio prazo está atrelado a dificuldades que indústrias têm tido nos repasses do aumento da matéria-prima ao consumidor final. Agentes consultados pelo CEPEA afirmam que o baixo poder de compra de consumidores neste período de crise econômica e os elevados valores dos derivados têm diminuído a liquidez desses produtos.
As cotações dos derivados também mantiveram o movimento altista em abril. Na média mensal do atacado do estado de São Paulo, o leite UHT e o queijo mozarela se valorizaram 3,6% e 3,05% em relação a março, com as médias a R$ 2,7367/litro e a R$ 15,36/kg, respectivamente. No acumulado do ano, o preço do leite UHT já registra alta de 23,3% e o queijo mozarela, de 13%. Esta pesquisa de derivados do CEPEA é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Fonte: Cepea/Esalq