A greve dos caminhoneiros influenciou o comportamento do preço do leite pago ao produtor em agosto. A informação foi divulgada em nota pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP).
Depois do encerramento da greve, no início de junho, laticínios, desabastecidos, intensificaram a disputa pela matéria-prima e, com isso, os preços em agosto, referente ao leite entregue em julho, subiram nos Estados acompanhados pelo Cepea: Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
“Como estratégia para garantir a captação, muitos laticínios realizaram acordos de curto prazo junto a produtores ainda em junho, os quais sustentaram as altas no campo em agosto”, informa a nota do centro de pesquisas.
Em agosto, o litro da matéria-prima subiu 4,6% na média Brasil em relação a julho, alcançando R$ 1,5466. Em relação a agosto do ano passado, a alta é mais expressiva, de 28,4%. “Vale lembrar que, no mesmo período de 2017, o preço médio registrava queda de 4,5%”, diz o Cepea, que considera o preço do leite sem frete e sem impostos.
Outro fator de alta é sazonal e diz respeito à oferta restrita de leite no campo, por causa da entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste, que deve se prolongar até outubro. E, também, a safra de inverno no Sul do País se iniciou depois do previsto por causa do atraso das chuvas.
Além disso, a produção neste ano foi prejudicada pela saída dos produtores da atividade e pelos menores investimentos – reflexo das dificuldades enfrentadas em 2017, quando o pecuarista teve de lidar com expressivas quedas de preço no leite.
O Cepea estima, porém, que para setembro o movimento altista não deve se sustentar, em função de um mercado interno fragilizado e pouco demandante. “De julho para agosto, as cotações do leite spot e do longa-vida (importantes para a formação do preço pago ao produtor) registraram quedas”, informa o Cepea.
Em Minas Gerais, por exemplo, o leite spot negociado caiu 11,4% no acumulado de agosto, fechando a segunda quinzena do mês a R$ 1,62 o litro, em média. “No mesmo período, o indicador diário do leite longa-vida negociado entre empresas e mercado atacadista do Estado de São Paulo caiu 7,25%, chegando a R$ 2,71/l em 28 de agosto (último dado disponível).”
Fonte: Cepea