Leilões de café podem zerar estoque do governo em 2017

Praticamente todo o estoque público de café do Brasil deverá acabar até o terceiro trimestre do próximo ano, com o governo brasileiro realizando vendas de suas reservas para amenizar uma escassez no mercado interno, afirmou hoje o Ministério de Agricultura. O Brasil, maior produtor e exportador global da commodity, possui atualmente em estoque estatal de 888 mil sacas de 60 kg de café, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A Conab tem programado um leilão de 91 mil sacas no próximo dia 18, e o governo promete uma nova autorização do Conselho Interministerial de Estoques Públicos (Ciep), ainda este ano, para a venda de 725 mil sacas de café, em leilões periódicos a partir de janeiro de 2017. “Com essas vendas, cumprimos o papel de complementar o abastecimento nacional, utilizando estoques públicos em momentos de baixa oferta…”, disse o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller. A situação do mercado tem impulsionado os preços de alguns tipos de café a valores recordes.

Os leilões em 2017 ocorrerão diante de avaliações que indicam baixa oferta no abastecimento até o início da próxima colheita, em maio, em meio a firmes exportações e consumo no país.

O consumo de café no Brasil, segundo maior consumidor mundial da commodity, aumentou 3,4% nos 12 meses terminados em outubro, para cerca de 21 milhões de sacas, segundo dados divulgados nesta semana pela associação de torrefadores Abic. A safra brasileira cresceu este ano para perto de 50 milhões de sacas, de acordo com dados oficiais, mas a produção praticamente não consegue fazer frente ao consumo interno e às exportações, superiores a 30 milhões de sacas, levando produtores a usarem seus estoques.

Mercado em alta

Os preços do café, especialmente da variedade robusta, estão em patamares recordes depois da quebra de safra no Espírito Santo. A oferta restrita de robusta no Brasil está elevando o interesse de compradores pelo café arábica de bebida inferior, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Torrefadoras têm buscado o arábica tipo 7 (bebida rio) como alternativa ao robusta do tipo 7/8, elevando os preços daquele produto a valores recordes, com alguns negócios pontuais do grão sendo fechados a R$ 500 a saca, indicou o Cepea em análise semanal. O café arábica de melhor qualidade (bica corrida, tipo 6, bebida dura para melhor) também está em alta no mercado doméstico, cotado a mais de R$ 560/saca, segundo o Cepea.

 

Fonte: Reuters

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