A Kepler Weber, empresa líder no mercado de armazéns de grãos do Brasil, avalia que qualquer que seja o novo governo e, mesmo na hipótese de um aperto monetário no país, o programa que tem impulsionado as vendas do setor não deve mudar após as eleições de 2014.
O Plano para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), com juros reais negativos, representa um custo baixo para os cofres públicos perto dos benefícios que traz para o agronegócio brasileiro, que ainda enfrenta um déficit de armazenagem acumulado ao longo de anos, segundo um executivo da Kepler Weber.
O programa, anunciado para a safra 2013/14 para financiar 5 bilhões de reais por safra, ao longo de cinco anos, tem sido importante fator nos ganhos da Kepler Weber, que fechou o último semestre com lucro líquido de 48,8 milhões de reais, alta de 182 por cento ante o mesmo período do ano passado.
“Esse plano impulsionou as vendas e a demanda por armazéns… E os custos para os cofres públicos são administráveis se houver uma aperto monetário, então acho que tem argumentos muito fortes para manter esta linha de crédito”, afirmou o diretor vice-presidente e de Relações com Investidores da Kepler Weber, Olivier Colas, em entrevista à Reuters.
A afirmação foi feita em resposta a uma pergunta se a empresa temia a descontinuidade do programa, com um novo governo.
Ele observou ainda que os principais candidatos à Presidência da República estão comprometidos com investimentos pesados em armazenagem, considerando a importância do agronegócio para a economia e a balança comercial do Brasil.
O déficit na capacidade de silos para grãos no Brasil é da ordem de 45 milhões de toneladas, disse Colas.
O Brasil tem uma safra anual de aproximadamente 200 milhões de toneladas, enquanto o governo aponta uma capacidade de estocagem de 145 milhões de toneladas no país, segundo o executivo.
“Esse plano veio na hora certa, o déficit estava crescendo de forma enorme, e com isso vamos poder diminuir”, afirmou Colas.
A Kepler Weber, com 50 por cento do mercado de armazenagem no Brasil, afirmou que, nas condições atuais e considerando o crescimento da safra projetado para os próximos anos, o PCA tem condição de eliminar o déficit de armazenagem no país até 2018.
Um setor agrícola com capacidade adequada de armazenagem, especialmente dentro da fazenda, permite que agricultores tirem proveito dos melhores preços de comercialização, otimizando seus ganhos.
Produtores com déficit em silos muitas vezes são obrigados a vender seus produtos quando os preços estão sazonalmente mais baixos, na época de colheita.
INVESTIMENTOS
A companhia tem previsão de elevar os investimentos (Capex) para 65 milhões de reais em 2014, ante 28,1 milhões de reais em 2013.
Mas para 2015, disse Colas, a empresa já não prevê investimentos tão pesados quantos os realizados neste ano na modernização de fábricas e nos processos industriais e melhorias operacionais, com o objetivo de atender a demanda interna.
“Achamos que a partir do ano que vem, vamos crescer o que cresce a safra, então não há necessidade de fazer investimentos tão brutais, provavelmente vamos voltar para o ritmo anterior de investimentos”, afirmou.
Fonte: Reuters