Geralmente ocupado por homens, agora é uma mulher quem assume o posto de ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Senadora reeleita pelo Estado do Tocantins e agora presidente licenciada da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Kátia Abreu assumiu oficialmente a cadeira mais importante do setor agropecuário brasileiro nesta segunda-feira, 5 de janeiro, após solenidade de transmissão de cargo na sede do órgão, em Brasília (DF).
“Ao assumir esse cargo, passo a fazer parte de uma história valorosa, que começou ainda durante o Império, sob comando de Dom Pedro II, em 1860, quando foi criada a Secretaria de Estado de Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas”, discursou a ministra, que é a 21ª pessoa a ocupar o posto como titular.
De imediato, ela se comprometeu a cumprir três desafios importantes. O primeiro deles é organizar, estruturar e implantar a Escola Brasileira do Profissional da Agricultura e Pecuária. Será “uma escola que capacite, forme e fortaleça os profissionais do sistema público da agricultura dos municípios, Estados e do Ministério da Agricultura”.
Em seu discurso, a ministra contou ter recebido da presidenta Dilma Rousseff a missão de aumentar em 100% a classe média rural até 2018. Este será o segundo desafio de Kátia Abreu.
“Ela [Dilma] me pediu obstinação nessa tarefa. Vamos estabelecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos. Hoje o Brasil tem mais de 5 milhões de produtores, sendo que 70% nas classes D e E, 6% nas classes A e B, e apenas 15%, algo em torno de 800 mil produtores, na classe C”, especificou a ministra.
De acordo com ela, o terceiro e mais importante desafio será consolidar um planejamento de defesa agropecuária, “construído por meio de parceria do poder público, iniciativa privada e nossa valorosa academia”. Para tanto, Kátia Abreu espera contar com os fóruns de secretários de Agricultura e de órgãos parceiros e orientadores.
“Queremos solidez técnica para garantir confiabilidade para os nossos consumidores no Brasil e no mundo. A meta é garantir padronização, transparência e segurança.”
Ainda durante seu discurso, Kátia Abreu ressaltou que o Mapa “precisa oferecer condições para que o agricultor brasileiro possa aproveitar as oportunidades dos mercados internacionais”. Disse também que “é obrigação do Ministério da Agricultura viabilizar e dar condições para que todas as empresas possam estar aptas para a exportação”.
A ministra citou ainda alguns desafios do setor do agro brasileiro, como a necessidade de ampliar a cobertura do seguro rural e o investimento em infraestrutura para escoamento da produção.
DESPEDIDA DE NERI GELLER
Antes de transmitir o cargo, o agora ex-ministro da Agricultura Neri Geller teceu elogios à indicação da senadora ao cargo. “Trouxemos o setor para dentro do Ministério e lutamos pelos principais interesses do segmento do agronegócio, como crédito farto para a produção, defesa da qualidade e segurança dos nossos alimentos e a retomada e abertura de novos mercados internacionais”, ressaltou ele.
Geller aproveitou a ocasião de despedida para agradecer a chance de ocupar o Ministério, que só obteve bons resultados durante sua gestão graças “ao excelente grupo de técnicos do Mapa” que esteve ao seu lado durante sua missão como ministro.
PERFIL DA MINISTRA
Nascida em Goiânia (GO) e formada em Psicologia pela extinta Universidade Católica de Goiás (hoje Pontifícia Universidade Católica de Goiás, PUC), Kátia Abreu entrou para o ramo do agronegócio com a morte repentina do marido em um acidente de avião, em 1987. Grávida e com dois filhos pequenos, ela se viu, aos 25 anos, repentinamente responsável não apenas por sua família, mas pela fazenda de onde tiraria seu sustento dali em diante.
Ensinando pelo exemplo, mostrou aos filhos Irajá, Iratã e Iana que fé, perseverança, esforço e trabalho árduo são pilares essenciais para o sucesso. Venceu a inexperiência no campo dos negócios e o desconhecimento na lida diária com a terra sem descuidar da família e hoje tem a felicidade de ver os filhos já criados e aproveitar a infância de sua primeira neta, Maria Eduarda.
Na política, sempre se mostrou combativa, obstinada e sempre disposta a aprender. Dedicou-se anos de sua vida à agropecuária e rapidamente tornou-se líder dos produtores do Sindicado Rural de Gurupi, terceira maior cidade do Tocantins.
Foi a primeira mulher na história do Brasil e do Tocantins a ocupar esses cargos e agora entra mais uma vez para a história ao assumir o cargo de ministra da Agricultura. No Senado, defende constantemente os direitos dos brasileiros, e garantiu recursos para construção de hospitais, compra de mamógrafos e implementação do programa “Amigos do Peito”, que promove ações de prevenção e diagnóstico do câncer de mama.
AGENDA COM A FAO
Após ser empossada pela presidente Dilma Roussef, assim como os demais ministros, no dia 1º de janeiro, no primeiro dia à frente do Ministério da Agricultura, Kátia Abreu iniciou sua agenda de trabalho no Mapa, no dia 2 de janeiro, com audiência concedida ao diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano. Na pauta, segundo a assessoria de comunicação do órgão, uma proposta para aumentar a eficiência de políticas agrícolas que ampliem a recuperação de áreas degradadas, em prol do meio ambiente.
A ministra também demonstrou total apoio a parceria da FAO com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) para ajudar produtores agrícolas africanos. Além disso, a FAO foi inserida no calendário do planejamento da defesa agropecuária brasileira, trazendo novos olhares e perspectivas para agregar às experiências do ministério.
Kátia Abreu ainda tomou conhecimento dos órgãos específicos da FAO voltados à defesa sanitária, pesca, floresta, solo e água. Inclusive, também fruto do encontro, será realizado um evento para prestigiar produtores brasileiros de água. “Nada mais adequado para começar meu trabalho no ministério do que receber o presidente da FAO e fazer um evento para valorizar e reconhecer os produtores de água”, disse.
Por equipe SNA/RJ com assessorias