A americana INTL FCStone, uma das maiores empresas que atuam com corretagem e consultorias de commodities no mundo, com escritórios em 47 países, está se preparando para lançar no Brasil um fundo com o objetivo de financiar sobretudo operações de capital de giro de produtores rurais e cerealistas.
Segundo Fábio Solferini, CEO da companhia no país, inicialmente o fundo será alimentado com recursos próprios e contará com cerca de R$ 50 milhões. No futuro, disse o executivo, ele poderá ser ampliado com a participação de outros investidores, a depender do ritmo da demanda.
“Estamos diante de uma mudança de perfil do crédito rural no Brasil, com a redução de fontes de recursos oficiais com juros subsidiados e uma migração para o mercado de capitais. Nesse contexto, identificamos no lançamento desse fundo uma boa oportunidade”, afirmou Solferini ao Valor.
Em consequência dessa mesma mudança de perfil, disse ele, a INTL FCStone começou a estruturar, há cerca de um ano, operações com seus clientes para a captação de recursos, basicamente operações de renda fixa envolvendo Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs).
Conforme Solferini, a empresa participou, por exemplo, de recentes emissões de CRAs por parte do Grupo Horita, grande produtor de algodão do oeste da Bahia, e do paranaense Moinho Iguaçu, cujos negócios vão desde a produção de sementes até a comercialização de grãos. No primeiro caso, foram R$ 50 milhões; no segundo, R$ 20 milhões.
Com um número crescente de clientes como corretora e consultoria em importantes regiões agropecuárias do país (atualmente são entre 700 e 800), a INTL aposta nessa capilaridade para expandir suas atividades financeiras nos próximos anos.
O novo fundo será voltado a produtores e cerealistas que movimentam principalmente soja, milho, algodão, café, açúcar e etanol. As operações de financiamento poderão ter prazo de até três anos (as taxas não foram reveladas).
“Os prazos poderão ser maiores que os ciclos dos produtores, daí os três anos. Assim poderemos financiar, por exemplo, um produtor que queira estocar café. Mas também poderemos atender um vendedor de fertilizantes que já trabalha com algum tipo de recebível do produtor (para adiantar a entrega do insumo)”, explicou Solferini.
Ele prevê que os recursos iniciais reservados para o fundo estarão comprometidos em seis meses. A partir daí será avaliada a possibilidade de abertura para novos investidores. E a INTL FCStone já planeja, para o futuro, o lançamento de outros fundos no Brasil, não necessariamente para o setor de agronegócios.
Do ponto de vista global, o setor representa cerca de 50% dos negócios da companhia, cujas vendas somaram quase US$ 600 milhões no ano passado. Energia, metais, corretoras de renda fixa e variável e um braço de custódia de títulos e valores mobiliários respondem pela outra metade do faturamento.
Centenária, a FCStone se fundiu com a também americana INTL em 2009, depois da crise financeira que abalou os EUA e o mundo. A empresa atua no Brasil desde 2005, e no País o agro representa quase 8% dos negócios.
A companhia americana tem escritórios em São Paulo, Campinas, Passo Fundo (RS), Maringá (PR), Patrocínio (MG), Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Primavera do Leste (MT), Sorriso (MT) e Recife (PE). A subsidiária brasileira também gerencia dois escritórios no Paraguai.
Valor Econômico