Ao longo dos próximos meses, o foco do mercado de trigo se manterá no fim da colheita do Brasil e no início da colheita na Argentina. No momento, as condições climáticas têm movimentado as safras. No sul do Brasil, os meses de julho e agosto foram marcados por chuvas limitadas, o que prejudicou o desenvolvimento das safra na região responsável por mais de 80% da produção de trigo do país. Já na Argentina o quadro é completamente inverso, com uma quantidade elevada de lavouras sofrendo com excesso de umidade no solo e chuvas recorrentes.
“A oferta argentina ainda é incerta, mas as projeções atuais ainda conseguem suprir a demanda interna e as exportações, sendo que o cenário atual de estoques bastante reduzidos no Mercosul deve ser manter até o fim do ciclo 2017/18”, disse o analista de mercado da INTL FCStone, João Macedo. Todavia, a competição da Argentina no mercado global, junto ao contexto de colheita, deve impedir que o balanço mais restrito consiga causar fortes impulsos nas cotações locais no último trimestre deste ano.
As principais estimativas de produtividade para estes países acompanharam o contexto climático. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou o rendimento médio do Brasil na safra 2017/18 em 2,7 toneladas/hectare, o que representa uma queda de 5% em relação ao estimado em agosto. As perspectivas para a área plantada, no entanto, seguem distantes do esperado pelo mercado. “Relatos apontam reduções maiores no plantio do que os 9,5% atualmente esperados pela Conab, o que abre espaço para novas quedas nas estimativas futuras”, afirmou Macedo.
Para a Argentina, a Bolsa de Comércio de Rosário (BCR) também reduziu a sua estimativa de produtividade, com a mesma caindo de 3,32 toneladas/hectare em agosto para 3,12 toneladas/hectare no início de setembro. O excesso de umidade e algumas geadas estão no centro deste movimento, mas o registro de seca em algumas regiões do país também contribui para a preocupação. A BCR já espera que a produção deste ano, estimada em 16.5 milhões de toneladas, fique abaixo das 17 milhões de toneladas colhidas no ano anterior, visto que as chuvas não só prejudicaram os rendimentos como também limitaram a expansão de área.
Fonte: INTL FCStone