Intempéries não impedirão safra recorde

Com as colheitas das safras de verão finalizadas e os trabalhos em andamento nas lavouras de inverno, a colheita brasileira de grãos caminha para bater novo recorde histórico nesta safra 2019/20.

Em levantamento divulgado ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) passou a prever a produção em 250.5 milhões de toneladas, mesmo nível estimado em maio, que, caso se confirme, representará um aumento de 3,50% em relação ao ciclo anterior e um novo recorde.

A área plantada deverá atingir 65.6 milhões de hectares, 3,60% mais que em 2018/19, e a produtividade média das lavouras tende a cair 0,10%, para 3.822 quilos por hectare.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também divulgou ontem um novo levantamento, a colheita deverá totalizar 245.9 milhões de toneladas neste ano, 0,50% abaixo da estimativa de maio, mas ainda 1,80% acima do resultado do ano passado. Embora menor que o previsto pela Conab, esse volume jamais foi alcançado até agora.

Em relação às previsões divulgadas no mês passado, as maiores alterações envolveram a segunda safra de milho. Por causa de problemas climáticos em algumas regiões, a Conab passou a estimar a colheita da chamada “safrinha” em 74.2 milhões de toneladas, 1.7 milhão de toneladas abaixo do estimado em maio, mas com volume, ainda recorde, 1,40% maior que o da temporada passada.

Com esse ajuste, a colheita total de milho, incluindo uma terceira safra plantada no nordeste da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Roraima agora é estimada pela estatal em 101 milhões de toneladas, com aumento de 0,90% na comparação com o levantamento de maio.

Nesse cenário, a projeção para as exportações foi mantida em 34.5 milhões de toneladas, 16% menos que no ciclo 2018/19, ainda que o consumo doméstico deva aumentar pouco mais de 4%, para 68.5 milhões.

A correção baixista na estimativa para a safrinha de milho foi em parte compensada por revisões para cima nas projeções para o arroz e o trigo.

No caso do arroz, a Conab passou a estimar a produção de 11.1 milhões de toneladas, 6,50% a mais que em 2018/19, o que abrirá espaço inclusive para um aumento de 10% das exportações, que poderão atingir 1.5 milhão de toneladas. Quanto ao trigo, o volume agora está previsto em 5.7 milhões de toneladas, com aumento de 10,40%.

Para a soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, não houve mudanças dignas de nota no quadro traçado pela Conab, que estima para a colheita da oleaginosa 120.4 milhões de toneladas, outro novo recorde, 4,70% superior ao volume produzido na temporada passada. Essa máxima poderia ser maior não fossem as perdas causadas por uma estiagem no Rio Grande do Sul, que também reduziu o potencial produtivo das plantações de milho de verão.

Por causa da intempérie, o IBGE reduziu sua previsão para a produção de soja em 1,40% e agora aponta para 119.4 milhões de toneladas, com aumento ainda de 5,20% em relação ao ano passado.

“A produção gaúcha declinou 16,10% em relação à estimativa do mês passado e 39,30% em relação à produção de 2019”, disse Carlos Antônio Barradas, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do instituto.

Com os bons preços atuais, inflados pela demanda externa aquecida e pelo dólar elevado, analistas esperam um novo incremento na produção de soja na safra que começará a ser plantada no próximo mês de setembro.

 

Valor Econômico

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