O fornecimento de água de maneira artificial em pastagens, por meio de irrigação, é a garantia para produzir, de forma planejada, sem que a falta de chuvas comprometa os índices de produtividade. A afirmação é do coordenador Geral de Projetos de Apoio ao Desenvolvimento de Região Beneficiada da Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, José Luiz de Souza.
Ele destaca a importância da integração de bacias hidrográficas no Nordeste para a sustentabilidade da pecuária, em especial da atividade leiteira.
“Além de abrir perspectivas de integração entre cidades, Estados e regiões hidrográficas, contribui para a diversificação das atividades produtivas, favorecendo a criação de mercados internos e não apenas o mero escoamento de produtos de baixo valor agregado”, enfatiza.
Segundo ele, pela extensão territorial e condições climáticas favoráveis, o Brasil apresenta enorme potencial de produção de carne e de leite e as pastagens são as formas mais práticas e econômicas de alimentação de bovinos.
“O fornecimento de água de maneira artificial em pastagens, por meio de irrigação, é a garantia para se produzir como planejado, sem que a falta de chuvas atinja os índices de produtividade bem como a rentabilidade esperada”, argumenta.
De acordo com Souza, a cadeia láctea baseada na produção de leite somente em sequeiro não possui sustentabilidade. “É imprescindível avançarmos na produção de leite com base na pastagem irrigada.”
Nesse sentido, ele cita a experiência do Grupo Cialne, em Umirim, no Estado de Ceará, que aumentou a produção de leite com irrigação em 30%. De 20 mil litros de leite diários, em 2011, passou para 40 mil litros, em 2012. Souza considera viável para a região um sistema para escala mínima de 300 litros/dia em três hectares de pastejo rotacionado irrigado (Cynodon, Pannicum), com 30 vacas (21 em lactação), com produção de 15 litros de leite/vaca e o total de 315 litros de leite/produtor/dia.
“Esse módulo, que dá sustentabilidade à escala de produção de 300 litros/dia, pode ser aplicado em muitas propriedades do Semiárido do Nordeste”, garante. Na avaliação de Souza, a atividade leiteira é rentável, mas, no período seco há carência alimentar causada pela baixa qualidade do pasto, resultando em perda de peso no rebanho da distribuição das chuvas e da produção forrageira.
“Temos tecnologia e conhecimento de produção irrigada de leite disponível no Nordeste, testada e aprovada, há os perímetros do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (DNOCS) e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) não cultivados, além de demanda, pelas indústrias, para a compra de leite”, enumera.
Para o coordenador, há a necessidade de fortalecer a assistência técnica especializada em pecuária de leite, com participação efetiva dos produtores nos custo, além de adotar o licenciamento ambiental dos perímetros considerando a atividade pecuária intensiva.
“Temos, porém, de enfrentar desafios tecnológicos, econômicos, sociais e ambientais. É preciso ampliar a capacidade de antecipação de oportunidades e riscos como elemento chave a ser incorporado no planejamento da agricultura; aumentar produtividade sem a incorporação de novas áreas já abertas e utilizar de forma adequada os insumos ambientais: recursos naturais (água, solo, biodiversidade etc.) e serviços ambientais (reciclagem, reuso, suprimento de água, qualidade atmosférica).”
Em razão da distribuição irregular de chuva, Souza observa que é difícil planejar a produção na região Nordeste, que sofre com a limitação na oferta de volumoso (seis meses ao ano) e de água para beber. “Além disso, há instabilidade na oferta da produção de leite e carência de matéria prima para laticínios”, comenta.
RIO SÃO FRANCISCO
Nesse sentido, ele destaca o Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) como fator de sustentabilidade da atividade leiteira em áreas irrigadas. De acordo com Souza, o Rio São Francisco totaliza 2.863 km de extensão e sua bacia hidrográfica 636.920 km2 de área de drenagem, compreende 13 milhões de habitantes 8% da população do País e abrange 503 municípios e 7 Unidades da Federação: Bahia (48,0%); Minas Gerais (36,8%); Pernambuco (10,9%); Alagoas (2,3%); Sergipe (1,3%); Goiás (0,5%) e Distrito Federal (0,2%). As obras do projeto deverão ser concluídas entre o fim de 2015 e o início de 2016.
Por equipe SNA/SP