Os agricultores de milho dos Estados Unidos vêm mostrando que sabem aprender rápido.
Os produtores do grão em grandes lotes de terra – propriedades rurais acima de 1.200 hectares – adotaram métodos de agricultura de precisão em um ritmo duas vezes mais rápido do que os agricultores do país como um todo, segundo um estudo do USDA. E o empenho pode já estar dando resultados. O órgão estima que as novas tecnologias ajudaram os produtores de milho a aumentar seus lucros.
Os três anos de queda nos preços dos grãos corroeram a renda agrícola e mais produtores passaram a adotar os chamados métodos de agricultura de precisão para aumentar sua eficiência. Empresas como a John Deere entraram na corrida para criar produtos para atender a esses agricultores – um mercado que poderá movimentar US$ 240 bilhões em 2050, segundo o Goldman Sachs. As tecnologias incluem desde tratores guiados por GPS, que diminuem a fadiga e os erros humanos, até análises detalhadíssimas de dados, que aperfeiçoam decisões de plantio.
“As tecnologias de precisão agrícola exigem investimentos significativos de capital e tempo, mas podem trazer economias de custo e rendimento maior com uma administração mais precisa de insumos”, escreveu David Schimmelpfennig, economista especializado em agricultura do USDA, no estudo “Lucro na fazenda e agricultura de precisão”.
“Embora milho e soja tenham maior área com essas tecnologias, elas também têm crescido em arroz, trigo e amendoim”.
Até os anos 2000, a taxa de adoção de diferentes tecnologias no campo variava a até 22% das maiores lavouras dos EUA. Depois disso, algumas tecnologias passaram a serem compradas com mais velocidade que outras.
O levantamento mostra que cerca de 80% dos grandes produtores americanos usam aparelhos de GPS para guiar seus tratores, enquanto entre 70% e 80% valem-se do mapeamento de rendimento para determinar as áreas mais produtivas de suas terras. Entre 30% e 40% dos produtores usam a chamada “tecnologia de aplicação variável”, um processo que lhes permite saber quando e como usar fertilizantes (ou outros métodos de proteção de sementes e colheitas) e quanto.
Conforme o USDA, as fazendas de tamanho médio que plantam milho e usam mapeamentos por GPS tiveram um aumento em torno a 3% no lucro operacional e de quase 2% no retorno líquido. Os sistemas de condução elevaram o lucro operacional em 2,5% e a tecnologia de aplicação variável, em 1,1%, conforme o estudo.
O estudo levou em consideração dados de período de 17 anos, iniciado em 1996. Mesmo com o aumento nos lucros, o impacto nos custos trabalhistas variou. Fazendas pequenas viram esse custo cair depois de usar as tecnologias, mas no caso das grandes houve aumento – o que talvez se explique por precisarem contratar mais funcionários para ajudar a dotar os métodos.
Fonte: Bloomberg/Valor