Armas contra a Helicoverpa, Mosca Branca e ferrugem

Equipe SNA

Diante do prognóstico divulgado recentemente pela Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), sobre a forte incidência da lagarta Helicoverpa armigera, da mosca branca e da ferrugem asiática em várias culturas em diferentes regiões produtoras do país, o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso (Aprosoja), Neri Ribas, aconselha os produtores a buscarem informação, principalmente através da pesquisa, “para que não sejam usados por aqueles que pretendem somente vender produtos fitossanitários”.

O produtor deve estar muito bem informado, orienta Ribas, que salienta que o manejo integrado dessas pragas é fundamental. “Consulte um profissional, consulte um engenheiro agrônomo, busque na pesquisa. Essa é a nossa recomendação. Temos que ficar muito atentos. No Mato Grosso, bem como em todas as regiões afetadas, torna-se necessário um trabalho de monitoramento e acompanhamento para que tenhamos um controle aceitável, com custos mais baixos e com sustentabilidade.”

A Aprosoja, diz ele, tem buscado na pesquisa a solução para todos os problemas. “Temos grandes cientistas, especialistas em cada uma dessas pragas, universidades, fundações de pesquisas, temos a Embrapa. Temos que estar muito afinados, atentos e fazer um acompanhamento muito severo para evitar todo e qualquer tipo de prejuízo que possivelmente essas pragas causarão.”

Por outro lado, a pesquisa concorda que o uso correto de agroquímicos torna-se necessário diante da agressividade dessas três pragas. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso do Sul (Famato), Rui Prado, algumas pragas e doenças estão com resistências aos produtos fitossanitários e, por isso, há a necessidade de liberação de novas moléculas de defensivos agrícolas. “A demora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em liberar novos princípios ativos para produtos que combatem pragas nas lavouras pode impactar significativamente nas próximas safras. As projeções são claras, teremos aumento de produção nos próximos anos e, consequentemente, haverá demanda por mais defensivos agrícolas”, enfatiza.

“Queremos que o Governo e os órgãos reguladores sejam mais ágeis na liberação de substâncias cada vez mais eficientes no combate às doenças que geram impactos negativos ao setor produtivo”, reivindica o presidente da Famato, ao defender, também, um novo marco regulatório para discutir a liberação dos agroquímicos, que estabeleceria os novos processos de análises das moléculas e deixaria os procedimentos para liberação mais ágeis.

As pragas

Neri Ribas explica que a mosca branca, que tem o feijão como sua cultura preferida, “está provocando prejuízos em soja como não víamos há muito tempo, além de estar atacando milho e fortemente o algodão”.

A ferrugem asiática ataca especificamente a soja e já causou prejuízos acima de US$ 20 bilhões nos últimos 10 anos no Brasil. “É uma praga que tem que ser muito bem acompanhada, monitorada para se ter o máximo de controle e prevenção, além de se respeitar o vazio sanitário em todos os estados produtores.”

De acordo com Rui Prado, a ferrugem está cada vez mais forte e resistente aos defensivos. “É uma das principais doenças que atinge as lavouras de soja. Para combatê-la, existem, atualmente, dois novos princípios ativos de agroquímicos para serem liberados pela Anvisa. Segundo ele, o Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima que somente em Mato Grosso os prejuízos diretos provocados pela ferrugem asiática na safra 2012/2013 alcançaram cerca de US$ 1,5 bilhão, o que equivale a 40 milhões de sacas.”

Com relação à Helicoverpa armigera, por ser uma praga mais recente no Brasil, diz Neri Ribas, há pouco conhecimento sobre ela. Na Bahia e no Mato Grosso, sua presença é real e a espécie ainda está sendo definida. ”Precisamos ter mais conhecimento sobre ela, tem que ser mais estudada, pois temos notado sua presença em todas as culturas: milho, sorgo, soja, algodão, pastagem. Ela não tem planta preferencial. Tendo fome, ataca toda e qualquer cultura”, observa.

De acordo com o Instituto Biológico, a lagarta Helicoverpa armigera (Lepidoptera; Noctuidae) já causou danos significativos para os produtores rurais, com prejuízos estimados em R$ 2 bilhões nas duas últimas safras brasileiras, de 2011/12 e 2012/13. Os estados brasileiros afetados são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Pará, Goiás, Paraná, São Paulo, Maranhão e Piauí. Em março último, foi decretada situação de emergência fitossanitária na Bahia, estado que mais tem sofrido com essa praga, com prejuízos calculados em R$ 1 bilhão. No algodão, os gastos passaram de US$400 para US$ 800 por ha.

A CNA anunciou a realização, em Brasília, na próxima segunda-feira, dia 8 de julho, de um seminário técnico que vai debater e identificar ameaças dessas pragas para o setor agrícola brasileiro. As conclusões do encontro serão encaminhadas ao governo federal para que sejam adotadas medidas preventivas no curto prazo.

 

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