“A inflação própria do setor de trigo foi bem maior do que a da média da economia brasileira, por características muito próprias”. A informação foi divulgada pelo analista da T&F Consultoria Agroeconômica, Luiz Fernando Pacheco.
Segundo dados da T&F, de julho para meados de setembro, os produtos à base de trigo, como massas alimentícias, pães e biscoitos, além da própria farinha de trigo, já aumentaram em até 10%, de acordo com pesquisas da Abimapi – Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados e do Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada.
O percentual representa quase 40 vezes a variação da inflação média dos últimos dois meses, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA, que subiu 0,24% entre julho e agosto.
“A razão principal destes aumentos está na dependência externa que temos do trigo que, combinada com as altas do dólar e do próprio trigo no mercado internacional, elevaram os custos das matérias primas, que tiveram de ser repassados aos consumidores finais”, disse Pacheco.
“Esta é uma boa razão para tentarmos eliminar a dependência externa do trigo. O Brasil importa 60% do que precisa para manter a sua indústria de trigo”.
Neste período, relembra o analista, ocorreu o aumento do preço do trigo importado da Argentina, que passou de US$ 203,00 em abril para US$ 240,00 (com 12% de proteína) em setembro. Além disso, o dólar, entre julho e setembro, passou de R$ 3,90 para R$ 4,20 (alta de 7,69%).
“Com isso, de acordo com Abimapi, os maiores aumentos acumulados desde julho afetam principalmente o macarrão e o pão de forma, que tiveram cerca de 10% de aumento no período. Esses alimentos foram os mais afetados porque o volume da farinha de trigo empregada na produção representa entre 60% e 70% do custo final do produto”, informou Pacheco.
Fonte: Agrolink