Indústrias do RS se unem para importar milho da Argentina

Um grupo de 20 indústrias de aves e suínos de pequeno e médio porte do Rio Grande do Sul montou um consórcio para importar milho da Argentina diante da alta dos preços e da escassez de oferta do grão no mercado interno. A primeira carga, de 30.000 toneladas, deve chegar no início da semana que vem ao porto de Rio Grande, mas o potencial de aquisição no país vizinho chega a 300.000 toneladas nesta safra, disse o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), Nestor Freiberger.

A iniciativa segue o exemplo de empresas como BRF, JBS e a paranaense GTFoods, que anunciaram a importação de milho da Argentina e também do Paraguai. Conforme Freiberger, em média o Rio Grande do Sul adquire em outros Estados cerca de 1.5 milhão de toneladas de milho por ano, quase um quarto da produção local de 6.2 milhões de toneladas previstas pela Conab para o ciclo 2015/16. Mas há pelo menos uma década não recorria aos argentinos para suprir a demanda.

A ASGAV estima que a produção de aves no Estado demanda 2.9 milhões de toneladas de milho por ano e a suinocultura, outras 2.3 milhões de toneladas. Além disso, aproximadamente 35% da safra gaúcha do cereal é vendida fora do Rio Grande do Sul. “O produto sai por um lado e tem que entrar por outro”, disse.

O executivo afirmou que as empresas integrantes do consórcio respondem por cerca de 30% dos abates de aves e suínos no Estado e vão receber o milho argentino por R$ 45,00 a R$ 47,00 a saca, com frente incluído, contra cerca de R$ 52,00 a saca do produto local. No Mato Grosso, a cotação fechou entre R$ 31,00 e R$ 34,00 na semana passada, mas o custo do transporte até o Rio Grande do Sul chega a R$ 15,00 ou até R$ 20,00 por saca, disse.

Segundo ele, o preço do milho argentino foi calculado com base em um dólar de R$ 3,60, e se o governo aceitar a proposta da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, de isentar as importações do cereal do PIS e do COFINS, o potencial de aquisição na Argentina “pode até duplicar”.

De acordo com ele, o mercado sofre com a “especulação” promovida pelas grandes cerealistas, que seguram as vendas do grão à espera de preços maiores, e também com a falta de informações sobre a venda antecipada do produto colhido no Estado. A ausência desses dados prejudica o planejamento das compras do insumo por parte dos frigoríficos, afirmou o executivo.

Fonte: Valor

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