Indústria de defensivos projeta queda nas vendas mesmo com safra recorde

O setor de defensivos agrícolas se prepara para um segundo semestre de vendas reduzidas, mesmo em meio ao plantio de uma safra de grãos recorde, devido a efeitos da alta do dólar e de estoques acumulados pelos produtores rurais.

“Como teve infestação (de pragas) mais baixa que o esperado na última safra, os agricultores estão estocados, principalmente de herbicidas e inseticidas. Isso deve refletir em baixa nas vendas”, disse à Reuters a vice-presidente-executiva do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Silvia Fagnani.

Ao contrário de sementes e fertilizantes, cujas compras e entregas precisam ser praticamente finalizadas antes do plantio, a demanda por produtos como herbicidas, inseticidas e fungicidas flutua ao longo da safra, de acordo com a ocorrência de pragas e doenças nas lavouras.

O faturamento com as vendas de defensivos entre janeiro e junho ficaram em US$ 2.7 bilhões, 25% abaixo do mesmo período de 2014, segundo estatísticas recentes do Sindiveg.

“Essa tendência deve se confirmar também no segundo semestre”, disse a executiva.

O Brasil começa a plantar em meados deste mês a safra de soja 2015/16, que segundo consultorias deverá ter uma leve elevação de área.

Da queda registrada no primeiro semestre, segundo o sindicato, 15% aproximadamente foram decorrentes da alta do dólar, que encarece os produtos.

Boa parte das matérias-primas usadas na formulação são importadas. O dólar acumula alta de mais de 60% nos últimos 12 meses.

As empresas do setor têm tentado manter os preços em reais repassados às revendas e agricultores, o que ajuda a diminuir o faturamento em dólares, disse o Sindiveg.

“O grande impacto é porque a gente não está repassando a taxa do dólar. Até o fim do ano isso deve ser mantido”, projetou a executiva.

Entraves na liberação de crédito nos bancos, que respondem por parte do custeio dos insumos, também preocupam a indústria de defensivos.

“A gente tem verificado problema na liberação do crédito. Isso vai refletir nas vendas para a safra”, disse Silvia, que preferiu não projetar uma taxa recuo na comercialização no segundo semestre.

 

Fonte: Reuters

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