Para atender aos anseios dos consumidores atuais e de um mundo pautado pela conectividade – com suas mídias sociais e influenciadores – e pela diversidade de estilos, a indústria de alimentos reúne esforços para se adaptar às novas demandas de mercado.
As estratégias englobam desde diferentes marcas de alimentos a tecnologias voltadas para o uso mais sustentável dos recursos naturais. Por outro lado, empresas e grandes feiras mundiais da área de alimentação analisam o consumidor atual e apontam diversas tendências.
“As mudanças na demanda do mercado pressionam os modelos de negócios das empresas e permitem inovar”, explica a diretora da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Sylvia Wachsner.
Segundo ela, a questão “não é somente consumir mais produtos orgânicos e naturais, mas também adquirir produtos que atendam a outras expectativas como apelo verde, transparência nas informações e rótulos limpos (clean label), com a descrição de ingredientes sem nomes complicados”.
Sylvia explica que os consumidores atualmente procuram por alimentos menos industrializados, mas com valor adicional. “Neste caso, é preciso saber definir qual é este plus”.
Nichos de mercado
No campo das tendências, há várias pesquisas. A Innova Market Insights, por exemplo, aponta que uma dessas tendências é contar histórias que cativem os consumidores, para que eles conheçam a origem dos alimentos e bebidas, bem como a filosofia por detrás da marca.
“O consumidor busca o conhecimento e a transparência, e quer fazer suas próprias escolhas. Nesse aspecto, vejo um espaço maior para o uso da tecnologia, seja por meio de QR Codes ou por reconhecimento de imagens”, afirma a diretora da SNA.
Outra tendência são os alimentos produzidos à base de plantas (plant based), similares aos produtos de origem animal e laticínios. “É um setor que cresceu 68% no mundo, entre 2014 e 2018”, destaca Sylvia.
“Embalagens ecoeficientes, a redução do desperdício de alimentos e a reciclagem do plástico também ganham o foco dos consumidores”, acrescenta a diretora da SNA.
Neste emaranhado de tendências, a Innova Market destaca ainda a demanda por alimentos mais fáceis de preparar, com micronutrientes e boa textura, e por produtos híbridos que misturam diversos ingredientes e sabores.
“É o caso do uso da ervilha como substituta da proteína animal em carne e laticínios”, observa Sylvia, que chama a atenção para a presença de novas substâncias na preparação de produtos, entre elas, a allulose – monossacarídeo substituto do açúcar; o cbd à base de canabiol encontrado em óleos e cosméticos, e a ashwagandha ou ginseng indiano, raiz originária do meio oriente ou partes da África.
Produtos saudáveis
Por fim, novas marcas de alimentos com edições limitadas e bebidas consideradas boas para saúde completam o quadro de tendências.
Neste cenário, Sylvia cita a kombutcha, bebida fermentada por leveduras e bactérias e produzida a partir do chá preto adoçado, que é comercializada “por fazer bem à saúde, melhorar o funcionamento intestinal e fortalecer o sistema imunológico”.
“Ser somente um alimento orgânico ou natural já não é o suficiente. As tendências sinalizam novos tipos de alimentos nos quais as propriedades orgânicas podem ser o diferencial”, conclui a diretora da SNA.
Equipe SNA