Indústria cobra verba para trigo no Cerrado

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) enviou ofício ao Ministério da Agricultura solicitando a revisão das prioridades dos projetos da Pasta para incluir a política nacional de trigo como uma das principais.

Segundo o presidente executivo da entidade, ex-embaixador Rubens Barbosa, a ministra Tereza Cristina declarou várias vezes sua preocupação com a dependência brasileira do cereal estrangeiro e prometeu recursos à Embrapa do Cerrado para expansão de pesquisas e desenvolvimento de lavouras em estados como Minas Gerais, Goiás e Bahia, mas o dinheiro nunca chegou.

“É uma questão de segurança alimentar nacional. Importamos mais de 60% do que consumimos. Com a pandemia, ficou provada nossa vulnerabilidade”, disse Barbosa, referindo-se a políticas de controle de exportação feitas por países como Argentina, que fornece 70% do trigo importado pelo Brasil, Rússia e Ucrânia.

Segundo a Embrapa Trigo, que gerencia o projeto, a ministra prometeu R$ 1 milhão para os trabalhos de transferência de tecnologia da empresa aos produtores do Cerrado. O dinheiro seria destinado para apoiar os fitopatologistas em viagens, na avaliação de áreas e no acompanhamento das lavouras.

“O projeto não foi rejeitado, mas não recebemos os recursos até agora, o que inviabiliza ações neste ano”, informou a empresa por meio da assessoria de imprensa.

Para a Abitrigo, mesmo com custo irrisório no orçamento da União, o projeto poderia solucionar um grande problema de abastecimento. “Digo mais: uma política nacional de longo prazo poderia tornar o Brasil um agente exportador de trigo, assim como é da soja”, afirmou Barbosa.

Aumento da produtividade

Pesquisas que começaram há uma década mostraram que a produtividade no Cerrado é muito superior à obtida nas tradicionais lavouras paranaenses e gaúchas, chegando a 100 sacas por hectare em 2019 em terras irrigadas. Sem a irrigação, a depender do volume de chuvas, fica em 50 sacas por hectare, 60% acima da média paranaense.

Procurado, o Ministério da Agricultura disse que recebeu da Embrapa um projeto orçado em R$ 2.7 milhões para ações emergenciais de setembro de 2020 a dezembro de 2022, com transferência de tecnologia e uma pesquisa sobre brusone, para a expansão da área do trigo tropical em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal.

“A proposta permanece na pauta com perspectiva de aprovação, desde que haja disponibilidade de recursos”, informou a Pasta, em nota.

 

 

Fonte: Valor

Equipe SNA

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