Os mercados de soja, milho e arroz vêm apresentando desempenhos que chamam a atenção neste ano. Levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostram que a soja que será colhida em 2022 já começa a ser negociada no Brasil.
O milho segue em forte ritmo de valorização, mesmo em plena colheita de segunda safra possivelmente recorde, e o arroz é negociado na casa dos R$ 83,00/saca de 50 kg, ou seja, R$ 10,00/saca acima do recorde real atingido no dia 11 deste mês.
Soja: negociada acima de R$ 130,00 em Paranaguá, se aproxima de recorde real
Os preços da soja em grão seguem renovando as máximas nominais no Brasil. Na parcial de agosto (até o dia 21), o Indicador Esalq/BM&FBovespa Paranaguá (PR) subiu significativos 11,50%, para R$ 132,80/saca de 60 kg na sexta-feira (21/8), patamar recorde nominal da série histórica do Cepea, iniciada em março de 2006.
Em termos reais, os valores negociados na última semana se aproximam do patamar recorde da série do Cepea, de R$ 139,20/saca, registrado em setembro de 2012 (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de julho de 2020).
O Indicador Cepea/Esalq Paraná subiu 13,90% na parcial deste mês, indo para R$ 126,96/saca de 60 kg na sexta-feira, também máxima nominal e o maior patamar real desde setembro de 2012, quando a média mensal foi de R$ 132,95/saca. Já o recorde real dessa série, por sua vez, de R$ 149,71/saca, foi registrado em outubro de 2002.
Segundo pesquisadores do Cepea, além do baixo excedente interno, o movimento de alta está atrelado à valorização do dólar, que mantém a commodity brasileira mais atraente para os importadores. Além disso, a demanda doméstica por novos lotes de grãos também está firme, tendo em vista a aquecida procura por farelo e óleo de soja.
Diante disso, as vendas de soja para entrega entre fevereiro e julho de 2022 também já vêm sendo verificadas (safra 2021/22). Pesquisadores do Cepea indicam que esse tipo de comercialização envolvendo o produto que será colhido daqui duas safras é um fato inédito.
Milho: indicador acumula alta de 17% em agosto e se aproxima de R$ 60,00/saca
Os preços do milho seguem em acentuado movimento de alta no mercado interno. Pesquisadores do Cepea destacam que esse cenário é verificado mesmo com a colheita avançada da segunda safra e com estimativas apontando produção recorde.
O impulso vem da retração de vendedores, que limitam a disponibilidade do cereal no spot brasileiro, da demanda interna firme e das exportações em ritmo aquecido.
No acumulado da parcial de agosto, o Indicador Esalq/BM&FBovespa (base Campinas/SP) subiu 17,35%, fechando a R$ 59,60/saca de 60 kg no dia 21, e se aproximando do patamar real registrado em março de 2020, quando a média mensal esteve em R$ 60,36/saca. O recorde real do Cepea, de R$ 73,2/saca, foi registrado em dezembro de 2007.
Arroz: indicador já opera na casa dos R$ 83,00/saca
O Indicador do Arroz em Casca Esalq/Senar-RS, 58% grãos inteiros, vem renovando as máximas reais desde o dia 11 de agosto e já opera na casa dos R$ 83,00/saca de 50 kg. Na sexta-feira (21/8), atingiu R$ 83,09/saca de 50 kg, com forte alta de 22,12% na parcial de agosto.
Segundo pesquisadores do Cepea, a demanda aquecida, especialmente por parte de compradores de São Paulo e de Goiás, segue elevando os preços. Inclusive, em alguns dias, os analistas verificam certa concorrência entre empresas na aquisição de novos lotes.
Do lado da oferta, orizicultores, de olho no movimento de alta nos valores, limitam as vendas de novos lotes de arroz em casca no mercado spot, à espera de preços ainda maiores.
Cepea