Boi: projeções para 2018 são positivas, mas ano requer cautela
Após um ano turbulento, o setor pecuário inicia o ano de 2018 mais otimista, porém, bastante atento.
Segundo pesquisadores do Cepea, se espera um cenário economicamente favorável neste ano, tanto na esfera internacional como na nacional, que pode beneficiar toda a cadeia da carne bovina.
No Brasil, a economia pode se recuperar, pautada na diminuição da taxa de juros, no controle da inflação, na relativa estabilidade do câmbio, na redução do índice de desemprego e na melhoria do PIB (Produto Interno Bruto).
Esse contexto favorece o aumento do consumo geral da população. Com uma projeção de crescimento do PIB nacional em torno de 2,7% (estimativa do Banco Central no encerramento de 2017), o Cepea calcula que pode haver aumento de 2,2% no consumo interno de carne bovina.
As projeções otimistas, contudo, podem ser afetadas por fatores que hoje ainda estão incertos, requerendo, portanto, cautela e também ações de operadores do setor pecuário.
Algodão: exportação e maior consumo devem sustentar preço, mas excedente elevado pode limitar altas
Os preços do algodão devem ser sustentados neste ano, visto que parte da safra 2016/17 já foi comprometida em contratos (devendo ser exportada no 1º semestre de 2018), e também devido às expectativas de recuperação do consumo nacional e de valorização do dólar frente ao Real.
Segundo dados da equipe de custos agrícolas do Cepea, em Mato Grosso, a compra de insumos e a venda antecipada da pluma em 2017 (para entrega no 2º semestre de 2018) apontam que a receita total deve superar os custos em cerca de 10%.
No entanto, segundo pesquisadores do Cepea, o maior volume produzido deve elevar o excedente doméstico, o que pode limitar fortes reações de preços.
Estima-se uma colheita de 1.69 milhão de toneladas na temporada 2017/18, 9,1% maior que na temporada anterior, conforme dados da Conab. A esta oferta, adicionam-se 395.800 toneladas de estoque inicial em janeiro/18 e 15.000 toneladas de importação, gerando disponibilidade interna de 2.1 milhões de toneladas. O consumo previsto para 2018 é de 720.000 toneladas, 4,3% maior que no ano anterior. Assim, o excedente interno é estimado em 1.38 milhão de toneladas, que podem ser exportadas. Em 2018, ainda segundo a Conab, o Brasil deve exportar 960.000 toneladas de algodão, alta de 40% frente à safra 2016/17. Com isso, o estoque em dezembro/18 poderá ser de quase 421.000 toneladas.
Arroz: com maior consumo, preços podem se recuperar
Após recuarem expressivamente em 2017, os preços do arroz em casca podem se recuperar neste ano. Segundo pesquisadores do Cepea, a possível melhora da economia em 2018 e a competitividade do cereal na cesta básica podem alavancar o consumo interno, estimado pela Conab em 12 milhões de toneladas (o maior desde 2012/13), o que reduziria os estoques de passagem.
O ano safra 2017/18 deve começar em mar/18 com 1.5 milhão de toneladas em estoque, e a Conab estima importações de 1 milhão de toneladas entre mar/18 e fev/19. Desta forma, a disponibilidade interna deve superar 14 milhões de toneladas, ultrapassando os números da temporada 2016/17.
Mesmo assim, a relação estoque/consumo deve diminuir. Se confirmada a expectativa de desvalorização do real frente ao dólar em 2018, as vendas externas de arroz podem crescer, escoando parte da produção nacional. Assim, para 2018, é de se esperar que o preço médio do arroz em casca recupere parte das perdas ocorridas ao longo de 2017.
Café: disponibilidade elevada pode pressionar cotações neste ano
O clima favorável ao desenvolvimento da safra 2018/19 no Brasil e a bienalidade positiva dos cafezais devem resultar em produção semelhante, ou até mesmo superior, à da temporada 2016/17, conforme pesquisadores do Cepea. Nesse cenário, os preços internos e externos do café podem ser pressionados em 2018.
Quanto à safra 2017/18, ainda em andamento, apesar da menor oferta no Brasil devido à bienalidade negativa, à broca e à menor peneira dos grãos, a disponibilidade deve ser maior nos principais países produtores de arábica e robusta.
Por outro lado, os estoques mundiais devem ser menores, uma vez que o consumo deve seguir firme, cenário que pode limitar as possíveis quedas nos preços ao longo de 2018.
Fonte: Cepea