Açúcar: em 2022, preços devem ser influenciados pelo clima, pandemia, dólar e petróleo
O cenário para o mercado doméstico de açúcar para 2022 vem sendo delineado a partir de perspectivas pouco favoráveis.
Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que, além dos elevados custos com insumos importados e das economias doméstica e mundial desaceleradas, os agentes estão atentos às incertezas em relação às variáveis macroeconômicas (como dólar e oscilação nos preços de petróleo), ao clima (que pode resultar em nova queda na safra) e, sobretudo, a temores de que a pandemia volte a impactar as economias mundiais.
Nesta conjuntura, as expectativas quanto à produção e ao consumo de açúcar no Brasil estão conservadoras frente às de 2021, a despeito da aposta na manutenção de preços doméstico e internacionais altos.
Etanol: produção deve se recuperar em 2022, mas preço pode se sustentar
Para o ano-safra 2022/23, estimativas indicam certa recuperação na produção brasileira de cana-de-açúcar, devido, principalmente, à maior produtividade dos canaviais relativamente à temporada anterior (2021/22).
Segundo pesquisadores do Cepea, se as previsões climáticas relativamente favoráveis no início de 2022 se concretizarem, o aumento da matéria-prima utilizada na produção de açúcar e de etanol deve resultar em maior oferta dos dois produtos, especialmente do último.
Os preços atraentes do etanol em 2021, recordes em termos reais, devem motivar uma elevação da representatividade do etanol no mix de produção das usinas. O grau em que isso vai ocorrer, por sua vez, depende das expectativas de continuidade de valores elevados para o biocombustível no mercado doméstico e do preço do açúcar no mercado internacional.
No que se refere ao consumo brasileiro de combustível, incluindo o etanol, este certamente receberá influência das condições econômicas do País e, consequentemente, do poder aquisitivo da população.
Trigo: em 2022, preço deve seguir atraente para o vendedor
A safra nacional de trigo registrou produção recorde em 2021, mesmo com adversidades climáticas durante o desenvolvimento das lavouras. E, apesar da maior disponibilidade de trigo no mercado interno, a importação seguiu em alta no segundo semestre do ano passado, e esse quadro deve continuar sendo verificado em 2022.
Segundo pesquisadores do Cepea, o Brasil ainda é dependente das importações do cereal para abastecer o mercado interno, negociando principalmente com a Argentina. Além disso, as exportações também deverão ser maiores em 2022, tendo em vista a menor oferta global e os elevados preços externos. Como as expectativas indicam dólar elevado em 2022, a importação deve continuar cara e os preços internos podem seguir em altos patamares.
Avaliando as atividades de campo, na última temporada, o Rio Grande do Sul ultrapassou a produção de trigo do Paraná, estado que normalmente possui a liderança nacional.
Em relação à próxima safra de trigo nacional, a expectativa é que os produtores continuem optando por aumentar a área com o cereal, como ocorreu na temporada anterior, influenciados pelos altos valores pagos no mercado atualmente, mesmo com o maior custo de produção.
Fonte: Cepea