O couro acabado do Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul, é a primeira Indicação Geográfica (IG) de um produto industrial brasileiro e o único couro certificado no mundo. A certificação (conquistada em 2009) abrange 44 municípios da região, que obedecem à uma produção industrial altamente controlada. É o que publicou a Revista A Lavoura na edição nº 701/2014, páginas 40 a 42.
As normas rígidas visam à qualidade e incluem, desde o recebimento da matéria-prima, até o produto final. Os vários tipos de couro produzidos e acabados do Vale do Sinos são utilizados para a confecção de calçados, vestuário, estofamentos, etc.
A regulamentação da produção passa a ter referências em normas técnicas nacionais e internacionais, que protegem o produto nos mercados interno e externo, e seguem rígidos padrões de controle ambiental. Essas regras também otimizam os processos de produção das indústrias, gerando ganhos e promovendo qualidade. Sete empresas, que geram 550 empregos diretos, estão autorizadas a exportarem o couro com IG.
FLEXIBILIZAÇÃO
Segundo o presidente da Associação das Indústrias de Couro do Rio Grande do Sul (Aicsul), Moacir Berger de Souza, as regras rígidas têm impedido o crescimento da certificação no Vale do Sinos.
“Estamos tentando junto ao MAPA flexibilizar um pouco as regras a fim de facilitar a entrada de outras, entre as 100 empresas estimadas na região, mas com cuidado para não prejudicar os pioneiros nesse processo, que tanto lutaram por esse diferencial”, diz Moacir Berger.
Segundo ele, pesquisas recentes de mercado revelaram que o consumidor ainda não sabe o que é uma IG, nem mesmo seu valor, o que demonstra a necessidade de mais divulgação.
COLONIZAÇÃO ALEMÃ
A produção de couro acabado do Vale dos Sinos tem suas origens na imigração alemã, iniciada em 1824, no Rio Grande do Sul. O contingente de imigrantes era composto, em sua maioria, por artífices – alfaiates, tecelões, sapateiros, seleiros, curtidores de couro, marceneiros e carpinteiros. Aliado a isso, o Rio Grande do Sul possuía, então, o maior rebanho bovino do país.
A demanda de mercado, impulsionada pelas guerras do século 19 e pela instalação da indústria calçadista no século 20, levou ao aperfeiçoamento da atividade produtora de insumos: a indústria de curtumes. Essa mão de obra qualificada foi fundamental para a consolidação da atividade coureira na região, uma IG baseada na arte do saber fazer.
O Brasil é um dos maiores fabricantes de couro do mundo, atrás apenas dos Estados unidos e da união Europeia. A indústria de elaboração de couros e peles bovinas agrega aproximadamente 800 empresas, que processam cerca de 40 milhões de peles por ano.
O setor coureiro rio-grandense é composto por mais de 100 indústrias, que geram 13,7 mil empregos diretos. Em 2013, faturaram, juntas, US$ 1,2 bilhão com a venda de insumos para a indústria moveleira, automotiva, vestuário, artefatos e calçados, entre outras.
Leia essa e outras reportagens em A Lavoura – Edição nº 701/2014. Assine nossa revista enviando um e-mail para assinealavoura@sna.agr.br ou acesse www.sna.agr.br/publicacoes/a-lavoura.
Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 701/2014