O aumento da adição de biodiesel no diesel de 5% para 7% (B7), autorizada pelo governo federal no fim de 2014, alimentou grandes expectativas no segmento de óleo de soja no País. Mas, ainda que a demanda tenha reagido nos últimos meses, sinais recentes indicam que o consumo interno pode estar vacilando. Isso só piora o quadro em uma área já fragilizada nos últimos anos por questões tributárias e pela acirrada concorrência do óleo de palma no mercado internacional.
Cerca de 20% do biodiesel ofertado no leilão de junho da ANP não teve comprador, lembra Andrea Gaia, coordenadora da corretora UniAmerica. Dos 825.000 metros cúbicos oferecidos pelas indústrias, 661.500 foram adquiridos pelas distribuidoras, 1,45% abaixo do leilão anterior e 5,4% menos do que no antepenúltimo. “Algumas esmagadoras de soja já estão produzindo menos, e o consumo fraco não deixa o repasse de preços (do grão) acontecer”.
José Baratella, sócio da corretora Okamoto, de Goiânia, diz que o óleo chegou a subir há alguns meses no Estado para R$ 2.300,00 a tonelada. Mas recuou para os atuais R$ 2.200,00. “Os preços no mercado internacional caíram e olhando o mercado de biodiesel, acredito que existe um excesso de óleo”, disse.
Uma fonte da indústria avalia que houve um “otimismo exagerado” com os leilões de biodiesel. “Como a economia brasileira está mais lenta, o biodiesel também acaba impactado pela tendência de queda no consumo do diesel”. Encarado como mais maduro, o mercado de óleo comestível deve sofrer menos, disse a fonte.
Confiante nessa maturidade, a Cocamar prevê um aumento de 7,5% em seu faturamento no varejo para R$ 640 milhões este ano, liderado pelo óleo comestível. Marcio Munhoz, gerente comercial de varejo da Cocamar disse que houve uma queda nas vendas entre junho e julho, mas que, historicamente, o segundo semestre é melhor do que o primeiro. “E temos regiões em que podemos avançar, como na capital paulista”.
Fonte: Valor