A rápida infiltração é essencial para reduzir as perdas de água, sedimentos e nutrientes via erosão hídrica, permitindo que a água da chuva seja armazenada no solo para posterior utilização pelas culturas e também para o abastecimento do lençol freático, permitindo a perenidade dos rios. Altas taxas de infiltração (TI) são fundamentais para aumentar a eficiência do uso da água precipitada na produção agrícola, diminuindo o impacto da seca na produção de alimentos, fibras e bioenergia. A relevância da TI na produção agrícola fica ainda mais evidente em um cenário de aquecimento global e aumento da variabilidade espacial e temporal.
A taxa de infiltração (TI) é expressa pela lâmina de água infiltrada no solo por unidade de tempo (ex. mm/h). A rápida infiltração é essencial para reduzir as perdas de água, sedimentos e nutrientes via erosão hídrica, permitindo que a água da chuva seja armazenada no solo para posterior utilização pelas culturas e também para o abastecimento do lençol freático, permitindo a perenidade dos rios. Assim, a infiltração é um processo do ciclo hidrológico fundamental para a agricultura, manejo de bacias hidrográficas e hidrologia. Nesse contexto, altas TI são fundamentais para aumentar a eficiência do uso da água precipitada na produção agrícola, diminuindo o impacto da seca na produção de alimentos, fibras e bioenergia. A relevância da TI na produção agrícola fica ainda mais evidente em um cenário de aquecimento global e aumento da variabilidade espacial e temporal da precipitação pluvial.
Vermelho distroférrico e submetidas ao diagnóstico rápido da estrutura do solo (DRES), apresentando estrutura muito ruim (IQES = 1) . Foto: Esmael Lopes dos Santos.
A TI pode ser influenciada por vários fatores, tais como: cobertura com vegetação ou palhada, textura, porosidade, densidade, rugosidade superficial, teor de carbono orgânico, conteúdo de água e pelo tamanho e estabilidade dos agregados do solo. A infiltração pode ocorrer pela matriz do solo ou por fluxos preferenciais. A infiltração pela matriz do solo se refere ao fluxo lento de água e solutos pelo espaço poroso entre as partículas sólidas que formam o solo. Por sua vez, o fluxo preferencial se refere ao movimento físico da água e solutos em poros contínuos formados no perfil do solo, sem utilizar os poros da matriz do solo. Modelos de produção que utilizam espécies que apresentam elevado crescimento de raízes podem maximizar a TI porque formam poros contínuos após a decomposição das raízes, aumentando o fluxo preferencial, além de aumentar a matéria orgânica do solo. A diversificação de culturas e manutenção da cobertura também favorece a comunidade biológica do solo, como a fauna edáfica, que produz galerias por onde a água infiltra. Paralelamente, o cultivo de espécies com abundante crescimento de raízes pode aprimorar a estrutura do solo, que é a forma como as partículas minerais (areia, silte e argila) e orgânicas estão organizadas no espaço. A estrutura se refere ao padrão de arranjo das partículas primárias em unidades estruturais – os agregados – que são separados entre si por superfícies de fraqueza, ou apenas superpostos e sem conformação definida (imagens abaixo).
Em trabalho desenvolvido na Embrapa Soja, em solo com textura muito argilosa, cultivado em Sistema Plantio Direto consolidado, constatou-se que a TI estável do solo após quatro anos de sucessão soja/milho segunda safra foi de 33 mm/h, enquanto da sucessão soja/braquiária ruziziensis foi de 52 mm/h. Isso ocorreu porque a cobertura de outono/inverno com ruziziensis proporcionou maior produção de raízes, incrementando o fluxo preferencial, além de produzir maior quantidade de palha na superfície, que também contribui para aumentar a TI. No tratamento soja/pousio, a TI estável foi de 16 mm/h, valor extremamente baixo, aumentando o risco de erosão e reduzindo a eficiência do uso da água na produção agrícola. Nesse contexto, é clara a contribuição de espécies com crescimento vigoroso de raízes e alta produção de biomassa no aumento da TI de água no solo, fundamental para a sustentabilidade dos sistemas de produção.
Por: Alvadi Antonio Balbinot Junior, Henrique Debiasi e Julio Cezar Franchini – Pesquisadores da Embrapa Soja
* Essa é uma publicação da Embrapa Soja, cujos pesquisadores escrevem no blog da entidade, em uma parceria para o portal da SNA.
