Por Mauro Zafalon
O Brasil vem se tornando líder no mercado externo em várias commodities, mas, quando se trata de leite, é um tradicional importador.
No primeiro trimestre, o País importou 35.400 toneladas de leite em pó e de outros leites, 76% mais do que em igual período de 2016.
No mesmo período, os gastos subiram para US$ 111.8 milhões, contra US$ 46.8 milhões de janeiro a março do ano passado, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
No setor de queijos não foi diferente. Os gastos com compras externas subiram para US$ 33.6 milhões no primeiro trimestre deste ano, 41% mais do que no ano passado.
As maiores importações no setor lácteo correram nos dois primeiros meses do ano. Em março, houve uma pequena desaceleração.
Custo de produção. Esse é um dos principais gargalos do País, na avaliação de Wagner Yanazuizawa, pesquisado do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
O custo de produção do leite nos países vizinhos é bem menor do que no Brasil. Além disso, a menor pressão do dólar nos últimos meses facilitou ainda mais a importação.
O problema do Brasil é de oferta, aponta o pesquisador do Cepea. O setor viveu um veranico no fim do ano passado e excesso de chuva em janeiro e fevereiro últimos.
Com isso, a produção esperada pela indústria não ocorreu. Agora, com a chegada da entressafra, as importações podem aumentar ainda mais.
O cenário interno é de recuperação de preços porque a produção está em queda. Pode ser que o produtor, estimulado pelos preços, volte a produzir mais, segundo Yanazuizawa.
Os principais fornecedores de leite em pó para o Brasil são Uruguai, Argentina e Chile. Os uruguaios forneceram 19.000 toneladas do produto neste primeiro trimestre, enquanto os argentinos colocaram 13.000 toneladas no mercado interno.
Já a Argentina foi o maior mercado fornecedor de queijos para o Brasil, seguida de Uruguai e Holanda.
As exportações brasileiras de leite e de creme de leite caíram neste trimestre, rendendo US$ 25 milhões, 8% menos do que no ano passado. Venezuela, Arábia Saudita e Estados Unidos foram os principais importadores.
Fonte: Folha de S.Paulo