Importação de feijão cresce 79% neste ano, mas não muda oferta de carioca

O descompasso entre o consumo e a produção nacional de feijão – fruto da perda de área da cultura e problemas climáticos – fizeram o mercado acelerar a importação no primeiro semestre. No final do mês passado, o governo federal decidiu zerar por 90 dias a alíquota para compra de fora do Mercosul. De janeiro a junho, o Brasil trouxe de fora 91.900 toneladas, 79% a mais em relação a igual período de 2015 e 360% acima de dois anos atrás, embora ainda abaixo de períodos anteriores.

Presença essencial no prato do brasileiro, o feijão tem sido um dos vilões da inflação. O tipo carioca, o mais consumido no país, subiu 27,7% na primeira prévia de julho do IGP-M, divulgada na segunda-feira. Na sexta-feira, o IBGE mostrou que, pelo IPCA, o produto teve alta de 41,78% em junho. No acumulado ano, 89,26%.

Para o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Lüders, a medida do governo é bem-vinda, mas não deve ter grande efeito prático.

– É mais na linha de marketing político do que um apoio efetivo – disse Lüders.

O especialista explica que o feijão-carioca é uma variedade que somente o Brasil produz em larga escala. Portanto, não há oferta no mercado internacional. Para o consumidor gaúcho, no entanto, que come mais feijão-preto, é possível que a importação dê algum alívio, pondera Lüders. No carioca, recuo nos preços nas gôndolas só com a próxima safra.

Para um consumo interno de 3.35 milhões de toneladas, o Brasil deve produzir este ano 2.7 milhões de toneladas, quebra de 13% em relação ao inicialmente esperado. Com isso, lembra Lüders, o déficit chega a 650.000 toneladas.

 

 

Fonte: Zero Hora

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