Apesar do crescimento do agronegócio brasileiro, mesmo em tempos de crise econômica e política, o câmbio é o fator que continua a causar impacto sobre os produtos agrícolas. A competitividade desses produtos no mercado internacional e o custo dos insumos importados são os principais aspectos influenciados pelo dólar. A análise é do vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura Hélio Sirimarco.
“No caso específico da competitividade, a valorização do dólar verificada no segundo semestre do ano passado, resultou em maior competitividade para os grãos brasileiros, ou seja, soja e milho. Isso fez com que as vendas antecipadas da safra nova de soja, que está sendo colhida agora, superassem os 60%”, explica Sirimarco. “A valorização também fez com que as exportações de milho para o ano comercial superassem os 31 milhões de toneladas, um novo recorde. Com a recente queda, essa competitividade diminuiu”, complementa.
CUSTO DE PRODUÇÃO E TECNOLOGIA
Em relação aos insumos, o ex-ministro e membro da Academia Nacional de Agricultura Roberto Rodrigues, em declaração à Agência EFE, lembrou que, “como o Brasil importa 80% dos insumos que consumimos no Brasil, mais peças e equipamentos, o custo de produção subiu muito no campo”.
Segundo Rodrigues, esse aspecto reflete nas vendas de equipamentos agrícolas. “As pessoas estão comprando menos trator, menos máquina, está piorando o investimento em equipamentos e armazenagens, refluindo no investimento, exceto na tecnologia. Ninguém vai comprar menos adubo ou semente. Isso é uma coisa importante: o impacto econômico da crise na agricultura não reflete na queda do padrão tecnológico. Isso é uma mudança de mentalidade significativa”, ressalta.
MAIOR IMPACTO
Para o vice-presidente da SNA, o maior impacto do câmbio no agro está relacionado à safra de milho. “A safra de verão de milho, que está sendo colhida agora, será a menor dos últimos anos, em função da preferência dos produtores pela soja. Com isso, a oferta está limitada e os preços se mantêm elevados. Como a demanda interna segue aquecida, o resultado prático é que já estamos importando milho da Argentina”.
PERCALÇOS
Quanto às principais commodities, Sirimarco afirma que “existe uma expectativa de que, após a prolongada queda registrada nos últimos anos, tenhamos uma recuperação dos preços”. Enfim, apesar dos percalços da economia brasileira, a demanda por alimentos segue sem sobressaltos. Este fato, de acordo com o vice-presidente da SNA, explica o crescimento do agro diante do cenário desfavorável da atualidade.
Por equipe SNA/RJ