O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, afirmou em Davos, na Suíça, que a normalização da política monetária nos Estados Unidos deve ocorrer de maneira gradual. “Isso é um bom sinal”, afirmou, em entrevista à imprensa no Fórum Econômico Mundial.
Bastante questionado pela mídia estrangeira sobre os riscos de valorização da moeda americana, Ilan foi enfático: “Não estamos preocupados com o dólar forte”. Ele atribuiu a tendência de fortalecimento não só às altas de juros promovidas pelo Federal Reserve, mas também às perspectivas de maior crescimento global e de recuperação das commodities.
Ao lado dele, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, explicou que o Brasil tem câmbio flutuante e nenhuma meta — formal ou informal — para o nível do real. Mas fez questão de lembrar que o país tem vivido devido à melhoria da confiança, um processo diferente do que atravessam os demais emergentes.
“Fatores domésticos prevalecem sobre externos no câmbio”, afirmou Meirelles. “Temos visto entrada líquida de capitais no Brasil e isso contrasta com outros emergentes. Estamos em posição equilibrada em conta corrente.”
Em todo caso, disse Ilan em resposta à pergunta de uma jornalista chinesa, o Brasil tem sempre a possibilidade de usar swaps cambiais para dar tranquilidade ao mercado. “Temos reservas de 20% do PIB e usamos para prover liquidez em momentos de estresse. Esse continuará sendo o caso.”
Ilan voltou a dizer que a inflação está caminhando rumo à meta e a autoridade monetária pode contribuir com a volta do crescimento econômico, reduzindo os juros.
“Uma vez tendo expectativas de inflação ancoradas, temos espaço para reduzir as taxas de juros e contribuir para o crescimento econômico. Obviamente esse não é o único fator [para a retomada do crescimento]”, afirmou, lembrando que o avanço das reformas e investimentos em infraestrutura também são importantes no processo de recuperação da economia.
Ele tornou a ressalvar, porém, que a manutenção do recente ritmo de corte dos juros vai depender da evolução dos preços. As evidências acumuladas pelo BC nos últimos meses, garantiu, tornaram possível bancar um corte de 0,75% na taxa básica Selic.
Fonte: Valor