Guerra comercial: apreensivos e endividados, produtores americanos cobram solução de Trump

Os produtores norte-americanos enfrentam um dos piores momentos do setor em mais de 30 anos e começam a pedir agilidade ao presidente Donald Trump quando o assunto é uma solução para a guerra comercial com a China. A confiança dos agricultores em Trump parece estar mantida, mas a paciência está terminando.

Desde a última semana, o presidente vem afirmando que irá liberar um novo pacote de ajuda aos produtores americanos, porém, sem um planejamento detalhado ou um cronograma de quando os montantes serão liberados. Segundo o Secretário de Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, o pacote incluirá pagamentos diretos aos produtores, medida semelhante ao observado em 2018.

Ainda segundo Perdue, o volume de recurso para este pacote poderia, inclusive, superar os US$ 15 bilhões já anunciados por Trump na última sexta-feira (10/5), depois de aumentar as tarifas americanas sobre produtos chineses de 10% para 25%.

“Nossos cálculos iniciais variam entre US$ 15 e US$ 20 bilhões”, disse o secretário. No entanto, em coletiva sobre o assunto, ele não deu prazos específicos e limitou-se a dizer somente que sua equipe está “acelerando” os trabalhos em cima da questão.

Enquanto isso, os produtores rurais americanos lutam para dar andamento à safra 2019/20, porém, sem condições de clima em boa parte do Meio-Oeste, ao passo em que amargam ainda preços bem abaixo de seus custos de produção, tanto na soja, quanto no milho. Para a oleaginosa, os custos estimados passam de US$ 9,00 por bushel. Nesta quinta-feira, o vencimento julho fechou cotado a US$ 8,40 na Bolsa de Chicago.

Na semana anterior, os contratos futuros da oleaginosa registraram as mínimas em dez anos depois que o conflito entre chineses e americanos se intensificou com a notícia de que a China irá retaliar os EUA também com o aumento de tarifas a partir do dia 1º de junho. A demanda, principalmente por soja, da nação asiática, se voltou agressivamente para o Brasil mais uma vez, deixando a condição do agricultor americano ainda mais delicada.

Entretanto, as primeiras reações do setor já começam a aparecer.

National Corn Growers Association

A Associação Nacional dos Produtores de Milho dos EUA já se posicionou dizendo que o valor de US$ 0,01 por bushel de milho pago em 2018 será insuficiente. “A guerra comercial, as condições climáticas ruins e a mudança do governo nos padrões de processamento de milho para a produção de etanol criaram uma tempestade perfeita para a agricultura”, disse a associação em um comunicado em seu site.

Illinois Soybean Growers

Em nota, a Illinois Soybean Growers, que representa 43.000 agricultores, declarou que “Washington cometeu outro erro de cálculo e a subsistência dos agricultores e das comunidades que apoia o governo está ameaçada. Os produtores de soja de Illinois enfrentam desafios maiores a cada dia sem o acordo. Não vemos um fim deste problema no horizonte”, afirmou a presidente da associação, Lynn Rohrscheib.

John Wesley Boyd Jr., produtor de Bakersville/Virginia

Em entrevista à CNN, o produtor John Wesley Boyd Jr., de Bakersville, na Virginia, disse que Trump deve satisfações e estratégias ao setor. “O presidente dos Estados Unidos deve ao produtores como eu algum tipo de plano de ação. Os produtores são sua base, eles ajudaram a elegê-lo e agora ele está virando as costas para eles quando mais precisamos de sua ajuda”.

American Soybean Association

O produtor de Iowa e presidente da American Soybean Association (ASA), John Heisdorffer, também em entrevista à rede internacional CNN, disse que irá plantar a mesma área de soja e milho este ano, acreditando que um acordo estivesse próximo. “Continuamos ouvindo que as conversas estavam indo bem, e parecia que tudo seria resolvido em breve. Mas agora há ainda mais incertezas e emoções para os produtores americanos”, completou.

 

Notícias Agrícolas, com informações da Bloomberg e da CNN

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