Grupos internacionais sondam comprar mais seis redes de revendas no agro brasileiro

A concentração da comercialização está avançando rápido no interior do país, depois das aquisições da Fiagril e AgroAmazônia (no Centro-Oeste) por grupos chineses e japoneses. Também investidores de grandes fundos, além de indianos, procuram fechar aquisições de distribuidoras estratégicas, objetivando não só concorrer no ramo de insumos, mas principalmente para aumentar a originação de grãos.

A entrada de grupos internacionais no Brasil, que visam a adquirir revendas importantes de insumos no país, deve mudar os rumos da comercialização de insumos agrícolas nos próximos anos. Essas empresas já ingressaram em vários estados e possuem interesse tanto em explorar esse ramo como em atuar na originação de grãos de soja e milho, por meio das operações de barter.

Segundo Gilson Provenssi, presidente do Conselho Estadual das Revendas de Produtos Agropecuários (Cearpa), do Mato Grosso, essa tendência já acontece no mercado há cerca de três a quatro anos e está se concretizando. As compras ocorrem de diversas formas, desde multinacionais adquirindo distribuidoras até fundos de investimento comprando para obter ganho no negócio e depois tentar vender para os investidores estrangeiros.

Em um primeiro momento, segundo Provenssi, isso ainda não gerou grandes impactos. No entanto, para as empresas que ainda não se organizaram e não possuem um padrão mínimo em sua comercialização, este movimento pode ser perigoso. Para as empresas que estão mais organizadas, “talvez não seja uma ameaça muito grande”, disse o presidente do Cearpa.

O grande temor, portanto, é que essas empresas tenham acesso a um crédito mais barato, com financiamento subsidiado. Assim, outras revendas poderiam perder eficiência na questão financeira, gerando uma concorrência “desleal”. De acordo com Provenssi, a concorrência poderá derrubar os preços e, para o agricultor, este cenário seria melhor. “Quanto mais concorrência, mais o preço é forçado para baixo”, afirma. Por outro lado, as grandes fusões também enxugam a disponibilidade de fornecedores de insumos no Brasil e no mundo.

O Estado do Mato Grosso agrega mais de 200 revendas. Até o momento, ainda não há impacto nos preços, e Provenssi acredita que isso deve acontecer apenas a partir de 2018. Ele lembra que essa é uma tendência que já passou por outros setores como o farmacêutico, de combustíveis e de supermercados, e que não é uma exclusividade do mercado agrícola. Para o presidente do Cearpa, essa tendência deve ser encarada e, caso o distribuidor não for vender seu negócio, ele deve se preparar para um planejamento estratégico e participar desse mercado, que será mais profissional.

Operações de barter

Atualmente, as revendas financiam mais de 50% da safra agrícola do Mato Grosso. Segundo Provenssi, as operações de barter são “a melhor modalidade de negócio, principalmente quando se fala em Plano Safra”. Neste caso, o produtor faz seu custo médio e sabe quanto deve em saca ou arroba, se preocupando mais em produzir do que focar nos preços para cumprir seus compromissos. O presidente acredita que o barter “continuará a ser, pelo menos nessa próxima década, a melhor forma de se fazer negócio”.

Os custos para a próxima safra, em média, dependendo da região na qual está o produtor e de seu nível de investimento, estão entre 20 a 25 sacas de soja.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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