Grupo agrícola Bom Jesus oferece parte de terras a credores em reestruturação

O grupo agrícola Bom Jesus, que pediu recuperação judicial em maio, ofereceu a credores participação acionária em uma fazenda que pode ser vendida posteriormente, em um esforço para reestruturar uma dívida de R$ 2.6 bilhões.

Segundo documentos enviados pela Bom Jesus ao tribunal em Rondonópolis (MT), uma parte do plano de recuperação sugere um leilão de fazendas e de uma subsidiária de comercialização de grãos para levantar recursos. A companhia planeja manter as operações enquanto negocia uma reestruturação de sua dívida.

Cada classe de credores poderá optar por duas alternativas. A primeira seria prorrogar o vencimento de dívidas por até 15 anos, e a segunda, receber títulos que podem eventualmente ser convertidos em participação acionárias na fazenda São Benedito, do Bom Jesus, segundo o documento.

O grupo Bom Jesus, um dos maiores produtores de grãos do País, e a assessoria financeira Pantalica Partners, responsável pelo plano, preferiram não comentar o assunto.

A primeira opção dá aos credores com garantia real um período de carência de dois anos e a extensão do vencimento para 12 anos. Credores quirografários reestruturariam a dívida com carência de três anos e prolongamento dos vencimentos para 15 anos, com um desconto no valor principal ainda não definido.

Os credores que escolherem a segunda opção trocariam sua dívida por títulos conversíveis em participação acionária na fazenda São Benedito, que será transformada numa sociedade anônima. O Bom Jesus e seus assessores deverão buscar investidores para comprar participação acionária e eventualmente terras do grupo e repassarão a receita para quitação de dívidas com os credores que optarem por esta segunda modalidade de negociação.

O grupo, que produz soja e algodão, tem 240.000 hectares de terras.

O Bom Jesus é o mais recente caso de um grande produtor agrícola do Brasil a entrar com pedido de recuperação judicial, em meio à pior recessão econômica do país em oito décadas, que aumentou os custos de financiamento para empresas que se alavancaram nos últimos anos.

O grupo Bom Jesus teve que pedir recuperação judicial depois de fracassar em uma renegociação de dívida com um grupo de 28 credores liderado pelo Banco Santander Brasil.

Fonte: Reuters

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