Governo e especialistas debatem medidas para conter alta nos preços dos alimentos

O arroz, entre outros itens da cesta básica, teve alta de 20% este ano, segundo o IBGE. Foto: Pixabay

O governo brasileiro anunciou recentemente que está preparando medidas para conter a alta registrada nos preços dos alimentos no mercado interno.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que produtos como o arroz, o feijão, o leite e o óleo de soja já registraram altas de 20% neste ano, com aumento superior à evolução da média dos preços.
No caso do arroz em casca e beneficiado, o governo decidiu zerar a alíquota do imposto de importação até 31 de dezembro deste ano.

O comportamento dos preços, segundo analistas, está relacionado ao dólar favorável às exportações, que torna os produtos brasileiros mais competitivos no exterior; ao intervalo entre uma safra e outra; às despesas com o pagamento do auxílio emergencial em razão da pandemia e à mudança de hábitos dos brasileiros, que passaram a se alimentar mais em casa diante da crise.

Para modificar esse cenário, o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Tito Ryff, acredita que “o governo deve evitar os erros do passado, como o tabelamento de preços e os impostos de exportação, e estimular as importações, reduzindo impostos que por ventura existam nesse setor, e esperar que os mercados se acomodem”.

Para ele, é necessário ainda que “o governo entenda que os preços agrícolas são muito voláteis e dependem do comportamento das safras e das demandas”.

Choque de oferta

Já o especialista em planejamento estratégico no agronegócio e diretor da SNA, Marcos Fava Neves, afirma que a saída está no “choque de oferta”. Segundo ele, “a hora é de investir para produzir e neutralizar rapidamente esse efeito negativo da inflação”.

Fava diz ainda que “é preciso ter muito cuidado com importações desenfreadas e aberturas de mercado que desestimulam a produção nacional, o que pode afetar posteriormente a ação de produzir para aumentar a oferta”.

Custos de produção

“Por um lado, devemos proteger o Brasil dos subsídios originários de países que eventualmente financiam a produção, e por outro lado temos o dever de reduzir nosso custo de produção para fazer com que os preços cheguem mais em conta às prateleiras dos supermercados”, enfatiza o diretor da SNA, Alberto Figueiredo.

Varejo

Segundo ele, em relação aos percentuais praticados no varejo, “apesar dos custos envolvidos para a manutenção da infraestrutura (lojas, marketing, recursos humanos, etc.), eventualmente há abusos nas margens de alguns produtos, sendo que a solução para isso é um acordo entre as partes nas câmaras setoriais de produtos alimentícios do Ministério da Agricultura”.

Novos patamares

Por outro lado, observa o diretor da SNA, “a tendência de aumento do poder aquisitivo da população faz com que os produtos passem a adquirir o valor que precisam ter no contexto internacional”.

Portanto, diz Figueiredo, “devemos nos acostumar com novos patamares de preços. Mas isso não quer dizer que devemos concordar com preços abusivos”.

Segundo ele, “se existe aumento dos custos por parte dos produtores ou fatores climáticos que inibam, mesmo que temporariamente, a produção, deveremos arcar com as consequências e ter diante de nós alternativas de substituição temporária dos produtos que não cabem na cesta básica da maioria da população”.

“Essa é uma realidade que o mercado terá de regular no médio e longo prazo”, conclui o diretor da SNA.

Arroz

Com relação ao arroz, um dos itens mais comentados ultimamente, o vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco, diz concordar com a recente declaração da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, de que os preços deverão se equilibrar, sem intervenções, a partir de meados de janeiro de 2021, em razão da safra de Santa Catarina.

“Há uma grande expectativa para o próximo ano”, afirma Sirimarco, destacando o potencial de produção da safra 2020/21. “As estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) são de 11.2 milhões de toneladas, com crescimento de 6,70% em relação à última safra”.

 

Fontes: Estadão Conteúdo/Dr.Agro/Notícias Agrícolas/IBGE

Equipe SNA

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