Governo avalia encolher o Moderfrota

O governo avalia reduzir em pelo menos R$ 1 bilhão o volume de recursos para o Moderfrota no próximo Plano Safra 2018/19, que vem sendo gestado em negociações entre o Ministério da Agricultura e a equipe econômica, com lançamento previsto para junho. Essa linha de financiamento conta com recursos do BNDES e é a mais usada pelos produtores rurais para a compra de máquinas e equipamentos agrícolas.

Para a safra 2017/18, que ainda está em vigor e se encerra em junho, o governo disponibilizou um total de R$ 9 bilhões para o Moderfrota. Contudo, em função da demanda aquém do esperado para esses empréstimos, que têm até sete anos para pagar e juros de 7,5% e 10,5% ao ano, os desembolsos liberados pelos bancos devem alcançar no máximo R$ 8 bilhões, estima o Ministério da Agricultura.

“Os desembolsos do Moderfrota até melhoraram nos últimos meses, mas pelo que estamos vendo, a execução deve ficar em R$ 8 bilhões até o fim desta safra. Estamos querendo manter esse volume também para a próxima safra”, disse ao Valor o novo secretário de Política Agrícola da pasta da Agricultura, Wilson Vaz, durante a Agrishow, maior feira agropecuária do país, em Ribeirão Preto (SP).

Nos primeiros nove meses da safra 2017/18 (julho do ano passado a março deste ano), o volume de crédito do Moderfrota desembolsado pelas instituições financeiras cresceu 4%, para R$ 5.6 bilhões, em relação ao ciclo anterior, o 2016/17. No entanto, até fevereiro, a demanda pela linha vinha mantendo o mesmo patamar de contratação da temporada passada.

Vaz afirmou, no entanto, que a Agrishow será um importante termômetro para o ministério avaliar o comportamento das vendas de maquinário agrícola.

A reação dos fabricantes de máquinas ao possível encolhimento do Moderfrota foi negativa. A Anfavea, entidade que representa o segmento, acredita que o patamar mais favorável dos preços da soja e do milho, motivado pela quebra de safra na Argentina, e a disputa comercial entre EUA e China, vêm gerando otimismo entre os produtores, o que deve se refletir em mais investimentos no campo. A associação deve até revisar para cima sua atual estimativa de crescimento de 3,7% das vendas de máquinas agrícolas este ano.

Antônio Megale, presidente da Anfavea, defende que o Moderfrota da próxima temporada 2018/19 tenha, no mínimo, os mesmos R$ 9 bilhões da atual safra.

“Nos primeiros dias da Agrishow já vemos os produtores de soja mais animados, mas para que isso se reverta em vendas vamos precisar dos financiamentos do Moderfrota, porque só os recursos próprios dos produtores não dão conta sozinhos da demanda”, disse ao Valor o diretor nacional de vendas da AGCO para a marca Massey Ferguson, Eduardo Nunes.

Já o diretor nacional de vendas da John Deere no Brasil, Rodrigo Bonato, disse que, com a sinalização de uma redução das taxas de juros do Moderfrota no próximo Plano Safra 2018/19, os produtores já vêm demonstrando intenção de investir na renovação de seu parque de máquinas.

Atualmente, eles têm recorrido mais a outras fontes de financiamento como as linhas Pronamp (voltada a médios produtores) e as com recursos do Fundo Constitucional do Centro-Oeste ou com recursos próprios do Banco do Brasil. “Mas precisamos ter quantidade de recursos suficientes no Moderfrota também”, disse Bonato, que vê mais otimismo entre os produtores.

 

Fonte: Valor Econômico

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