Considerada uma superfruta por conter dez vezes mais vitamina C que a laranja, a goiaba vermelha (Psidium guajava L.) é uma das mais apreciadas pelas famílias brasileiras, seja in natura ou sob a forma de sucos, geleias e doces. Os preços também são bem mais atrativos, pois como são nacionais, não custam tão caro quanto as demais de sua categoria, muitas delas importadas. No quesito valor nutricional, só é superada pela acerola, que possui cem vezes mais este mesmo nutriente em relação à laranja.
Para que se tenha ideia do seu potencial mercadológico, o Brasil é o maior produtor de goiaba vermelha do mundo, enquanto a Índia ocupa o primeiro lugar na produção das versões brancas, segundo informa o Sebrae Mercados (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Conforme o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf ), a goiaba vermelha ganhou o status de superfruta após a realização de um estudo, feito pela Universidade de Campinas (Unicamp), quando foram constatadas elevadas quantidades de licopeno, poderoso antioxidante que atua no nível celular, prevenindo vários tipos de cânceres, principalmente de próstata, e outras doenças degenerativas.
BAGAS
Os frutos da goiabeira, típicos dos trópicos, são bagas com tamanho, forma e coloração de polpa variável, dependendo da cultivar. Nas mudas que nasceram das sementes, a frutificação começa no segundo ou terceiro ano, após o plantio. Já nas mudas obtidas por propagação vegetativa (estaquia ou enxertia), a floração se inicia com sete ou oito meses de idade.
Em geral, a primeira florada deve ser eliminada, por não possuir valor comercial, o que facilita a formação da copa e reduz o desgaste de plantas muito jovens. Assim que cresce, a planta se transforma em um arbusto ou árvore de pequeno porte, cuja altura pode variar entre três e seis metros.
Suas flores são brancas, hermafroditas, eclodem em botões isolados ou em grupos de dois ou três, sempre nas axilas das folhas e nas brotações que aparecem em ramos maduros.
HISTÓRICO
De polpa branca, rosa ou vermelha, a goiaba é uma fruta que surgiu na América tropical, mas não se sabe ao certo se foi entre o México e o Peru (há somente indícios). No Brasil, os primeiros relatos da presença desta superfruta datam de 1587.
Perene e tropical, a goiabeira é ideal para cultivo em locais de clima quente, daí ter fácil adaptação na maior parte dos Estados brasileiros, com destaque para as produções do Estado de São Paulo; às margens do rio São Francisco, no município de Petrolina (PE); e na cidade de Juazeiro (BA).
PERÍODO DA SAFRA
No Brasil, durante o clima seco, a safra de goiaba ocorre entre os meses de janeiro e abril, com maior concentração em fevereiro, época em que a fruta atinge os menores preços no mercado e a oferta é diversificada em volume e qualidade, por causa das chuvas que caem antes e durante o período da lavoura.
Segundo o Sebrae Mercados, um pomar bem conduzido e não irrigado, produz em média de 20 a 60 quilos de goiabas por planta anualmente, a partir do sexto ano de idade. A poda de frutificação é economicamente viável, pois favorece a colheita em épocas de menor oferta no mercado.
Sua execução pode ser programada, distribuindo melhor os tratos culturais do pomar e facilitando maior flexibilidade à comercialização da goiaba. São necessárias, no entanto, pesquisas, em cada região de plantio, para que se tenha o conhecimento do comportamento produtivo e da qualidade desta superfruta por localidade.
De acordo com o engenheiro agrônomo José Emílio Bettiol Neto, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), de janeiro a abril, a oferta de goiaba é forte em território nacional, tendendo para queda de preços ao consumidor final. “Em maio, torna-se regular e, nos três meses seguintes, é considerada fraca. Volta a ser forte nos meses de setembro, outubro e novembro; e, por fim, regular em dezembro”.
PRODUÇÃO
Para alcançar bons resultados produtivos, a Embrapa Clima Temperado sugere ao produtor que mantenha o pomar irrigado; suspenda a irrigação (estresse hídrico) de 15 a 20 dias antes da poda de frutificação; faça a poda entre 180 e 190 dias, antes do período que se pretende colher; ralear os frutos para obter produtos de mesmo tamanho e grau de maturação (uniforme); manter as plantas em níveis nutricionais adequados; e controlar as pragas, doenças e ervas daninhas.
PLANTIO
A variedade cultivada e o grau de tecnificação da propriedade rural, segundo José Emílio Neto, do IAC, determinam os espaçamentos, mas geralmente podem ser formados com árvores de três por três metros. Vale destacar que, na região Nordeste, este espaçamento atinge sete por seis metros.
Para plantar as goiabeiras, indica o engenheiro agrônomo, “prefira terrenos planos ou levemente inclinados”. “Uma opção são áreas de baixada bem drenadas. Terras pantanosas e encharcadas devem ser descartadas.”
COLHEITA E PÓS-COLHEITA
A Embrapa orienta o produtor de goiaba a evitar colher os frutos nas horas mais quentes do dia; ter colhedores e operadores adequadamente treinados para proteger os frutos de todo e qualquer dano durante o manuseio; colher somente frutos firmes, de coloração verde passando para o mate, com a base ligeiramente amarelada. Também é recomendável não colocar várias camadas de frutos nos contentores de colheita, afim de evitar a compressão.
Na pós-colheita, a estatal sugere que o agricultor faça o pré-resfriamento dos frutos em água, gelo ou pelo sistema de hydroaircooling, imediatamente após a colheita; aplique cálcio (solução de nitrato de cálcio a 1%) e cera; separe e classifique os frutos por tamanho e coloração; embale os frutos em caixas de papelão de três a 3,5 quilos em camadas únicas; e armazene as caixas em ambiente refrigerado a 8°C, com 85% a 90% de umidade relativa.
Vale ressaltar que hydroaircooling é um sistema mais moderno de resfriamento para cargas paletizadas, feito por meio do resfriamento por água e ar, no qual é utilizada uma mistura de ar refrigerado e água fria, finamente pulverizada (borrifada) por circulação em volta e pela pilha de contêineres.
Ainda na pós-colheita, o ideal é envolver as goiabas, quando atingem de 2,5 a três centímetros de diâmetro, com sacos de papel manteiga, no tamanho de 15 por 12 centímetros. Fitilho vegetal, barbante de algodão ou arame fino ajudam a amarrar os sacos no pedúnculo dos frutos ou no ramo de sustentação, sugere o engenheiro agrônomo José Emilio Bettiol Neto, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
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Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 715/2016