Geadas reduzem potencial da safra de trigo do Rio Grande do Sul para dois milhões de toneladas

Geadas registradas no interior do Rio Grande do Sul em meados de setembro reduziram o potencial da safra de trigo do Estado, segundo principal produtor do País, disse nesta quinta-feira o presidente da federação que reúne 42 cooperativas agrícolas gaúchas.

A safra de trigo deve atingir de 1.9 milhão a 2 milhões de toneladas, contra uma previsão inicial de 2.4 milhões a 2.5 milhões de toneladas, disse à Reuters o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Paulo Pires.

“Trigo que estava no momento de formação do grão, com a geada, abortou. Não tem mais grão”, afirmou Pires. “Tivemos um prejuízo muito grande.”

As geadas foram registradas no final de semana dos dias 12 e 13 de setembro. Técnicos destacaram que são necessários vários dias até que as plantações de trigo apresentem sinais visíveis de danos.

Naquele estágio da temporada, 80% das lavouras do Estado estavam nas fases de floração e enchimento de grãos, bastante suscetíveis aos danos provocados pelo frio intenso, que pode causar congelamento da seiva e rompimento dos tecidos das plantas.

Em relatório divulgado na semana passada, a Emater, o órgão de assistência técnica do governo estadual, estimou as perdas nas lavouras gaúchas de trigo em 10% do potencial inicial, citando também problemas com a umidade excessiva.

Segundo Pires, algumas áreas do Rio Grande do Sul começaram a colheita de trigo esta semana. Nessas lavouras, que estavam em fase avançada de desenvolvimento no momento da geada, os danos não foram sentidos.

“É um bom rendimento, com qualidade muito boa, mas é numa área inexpressiva”, disse ele.

O presidente da Fecoagro manifestou também preocupação com a qualidade do trigo que ainda está no campo e que pode ter a classificação reduzida, caso se confirmem previsões de chuvas prolongadas nos próximos dias.

O primeiro produtor de trigo do Brasil, o Paraná, deverá colher 3.6 milhões de toneladas, queda de 10% em relação a expectativa inicial devido a problemas climáticos, segundo estimativas do governo estadual.

Paraná e Rio Grande do Sul costumam colher cerca de 90% da safra nacional de trigo.

 

 

Fonte: Reuters

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