Fundos voltam a elevar aposta na alta da soja

Depois de três semanas dominados pelo pessimismo em relação aos preços da soja, os fundos que especulam nos mercados agrícolas voltaram a elevar as apostas na valorização da oleaginosa na bolsa de Chicago. Relatório divulgado na sexta-feira pela Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) indicou que os gestores de recursos (“managed money”) encerraram a semana de 27 de maio com uma posição líquida comprada de 127.037 contratos (entre futuros e opções), crescimento de 5% em comparação à semana anterior.

Persiste no mercado de soja uma “queda de braço” entre as notícias das safras velha (20132/14) e nova (2014/15). De um lado, há o impulso às cotações vindo dos estoques americanos apertados e, de outro, a pressão baixista da expectativa de boas colheitas não apenas na América do Sul, mas também nos EUA em 2014/15. “O mercado não consegue segurar as altas, nem as baixas. Sobe e é vendido, cai e logo é comprado. Por isso, não acredito que esses números [da CFTC] indiquem alguma tendência nova”, afirma Pedro Dejneka, da PHDerivativos Consultoria, de Chicago.

No sentido contrário ao da soja, os fundos reduziram as apostas na alta do milho em Chicago. O saldo líquido de compra caiu 14,1% na semana até 27 de maio, a 178.319 contratos comprados. Conforme Vinicius Xavier, consultor da FCStone, os estoques do grão estão confortáveis e os temores com o atraso inicial no plantio americano já se dissiparam. “Mas ainda temos um ‘mercado climático’ de pelo menos dois meses pela frente, então não está descartado que o milho volte a subir, até porque já caiu demais. O patamar de US$ 4,40 por bushel nos parece o ‘fundo do poço’”, diz. Na sexta-feira, os contratos de grão para setembro (que ocupam a segunda posição, normalmente a de maior liquidez) fecharam a US$ 4,58 por bushel.

As chuvas nas Grandes Planícies americanas, onde se concentra a produção de trigo nos EUA, continuaram a desanimar os fundos quanto à valorização do cereal em Chicago. A posição líquida de compra do trigo brando foi reduzida em 19,3% na última semana, para 19.715 contratos; no caso do trigo duro, a queda foi de 7%, para 29.684 contratos comprados.

A confiança dos especuladores na alta das mais importantes agrícolas negociadas na bolsa de Nova York também foi abalada, especialmente em relação ao açúcar demerara e ao algodão. Sob o peso do superávit de 5,5 milhões de toneladas previsto pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para 2014/15, o saldo líquido comprado do açúcar recuou 27,3%, para 103.189 contratos. Ainda assim, as sucessivas previsões de queda na safra brasileira de cana-de-açúcar podem animar os fundos a apostarem em novas altas.

Já a posição líquida de compra do algodão em Nova York enfrentou queda de 24,7%, para 35.664 contratos. O tempo mais úmido no Texas, maior Estado produtor da fibra nos EUA, tem favorecido as lavouras locais, depois de uma seca. Também em Nova York, suco de laranja e café arábica tiveram redução nas posições compradas, de 7,15% e 3,4%, respectivamente, para 5.110 e 39.482 contratos comprados. Já o cacau registrou uma elevação de 19% no saldo líquido de compra, para 58.610 contratos.

Fonte: Valor Econômico

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