Frigoríficos fecham as portas e demitem funcionários em Mato Grosso

A planta de abate do Grupo JBS, em Matupá (700 km ao Norte de Cuiabá), paralisa suas atividades nesta terça-feira (14), e vai demitir os cerca de 300 funcionários que trabalham no frigorífico. A informação foi confirmada pela diretoria da empresa ao presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Carnes e Laticínios do Portal da Amazônia (Sintracal), José Evandro Navarro.

Com esse fechamento, sobe para 20 o número de plantas frigoríficas fechadas nos últimos dois anos em Mato Grosso e para sete somente em 2015.

“É com tristeza que informo que a JBS, unidade de Matupá, vai vir a fechar as portas. A diretoria me comunicou há pouco por telefone da decisão. São mais 300 trabalhadores desempregados em nossa região”, comentou Navarro, nesta segunda-feira (13) à tarde.

O sindicalista informou que o Sintracal vai atuar junto aos trabalhadores que serão demitidos, visando definir algumas medidas compensatórias. Os trabalhadores de Matupá serão convocados para uma assembleia geral durante a semana para esclarecimentos e outras informações.

“Estivemos em conversação com a empresa desde março, e nos colocamos a disposição de negociar para evitar o fechamento da planta, mas nunca houve sequer uma proposta por parte da JBS neste sentido”, lamentou o presidente do Sintracal.

Agora, com o fechamento desta planta, já são sete os frigoríficos que encerraram as atividades em Mato Grosso, no decorrer de 2015, levando em torno de quatro mil pessoas ao desemprego. Somente entre meados de junho e o dia seis de julho, três plantas de diferentes empresas encerraram as atividades – uma em Sinop, outra em Várzea Grande e uma em Mirassol do Oeste.

A baixa oferta de bovinos para abate também fechou, em 02/07, a unidade de Cuiabá da JBS, levando a demissão de 500 funcionários.

Conforme o Agro Olhar já comentou, Mato Grosso possui um estoque de bovinos machos, com mais de 24 meses, de 3,9 milhões de cabeças prontas para o abate em 2015. O resultado é o pior dos últimos nove anos. De acordo com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o baixo estoque de machos é reflexo do grande volume de matrizes encaminhadas para o abate entre 2011 e 2013, o que comprometeu a oferta de animais para reposição.

Entre 2011 e 2013, o volume de fêmeas destinadas para o abate era superior a 50% do volume total de animais encaminhados para os frigoríficos. Uma recuperação tende a ser sentida a partir de 2016.

Em entrevista ao Agro Olhar, o presidente do Sindifrigo, Luiz Freitas, revelou que a capacidade instalada de abate e processamento de carne em Mato Grosso é “duas vezes maior que a oferta de animais”.

Segundo Luiz Freitas, o setor em Mato Grosso opera na ociosidade há aproximadamente dois anos. “Nada mais é que um ciclo da pecuária. Isso é verificado a mais ou menos a cada seis anos. Estamos a cerca de quatro anos com o rebanho praticamente estagnado. Em todas as regiões do estado há plantas com atividades paralisadas”.

Questionado sobre prejuízos, Luiz Freitas salientou que não há como quantificar, porém ressaltou que as unidades fechadas possuem condições de voltar a operar assim que a oferta de animais se recuperar. “Já vivemos situações como esta, porém desta vez está mais crítica”.

 

Fonte: Agro Olhar

 

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