Indústrias frigorificas em São Paulo pretendem dar férias coletivas ainda neste mês de fevereiro. Com justificativas diversas as empresas se organizam para paralisar as atividades na próxima semana.
Segundo informações de uma fonte ligada ao setor, um frigorífico em Barretos, tem a intenção de conceder férias coletivas entre os dias 17 fevereiro a 20 de março. Outra indústria com a mesma intenção, no município de Pirapozinho, quer paralisar entre os dias 13 de fevereiro a 1 de março.
“As informações são de que a Minerva parará devido a mudanças na linha desossa. Eles [indústrias] estão unindo o útil ao agradável, já que nesses casos possuem mais de uma unidade no estado operando com 50%, então fecharão uma e operarão na outra com capacidade total”, disse a fonte.
Segundo ela, essas informações foram conhecidas no final da semana passada e já absorvidas pelos players do mercado. Funcionando apenas como um ajuste estrutural, a fonte diz acreditar que estas férias não teriam efeito sobre os preços da arroba neste momento.
Por outro lado, o analista da Scot Consultoria, Alex Santos Lopes, disse que “com a matéria-prima cara e dificuldade no escoamento da carne, as indústrias vêm nas férias coletivas a alternativa de redução de custos”.
Segundo ele, já há registro de indústrias paradas e outras que informaram a intenção de interrupção nas próximas semanas.
Lopes ressalta que esse cenário é reforçado pela recessão econômica que limita as vendas de carne no mercado interno, lembrando que essas representam 80% da produção nacional.
Em nota, a Abrafrigo (Associação Nacional dos Frigoríficos), por intermédio do seu presidente-executivo, Péricles Salazar, informou que desconhece o movimento de empresas frigoríficas para promover férias coletivas aos seus funcionários.
Vale ressaltar alguns pontos importantes do mercado paulista. No início deste ano o Governo do Estado de São Paulo anunciou a revogação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) das carnes, retomando a alíquota de 7% na comercialização dos produtos no varejo a partir de abril.
Esse fator deve elevar os preços da carne bovina ao consumidor de 6% a 8%. O setor acredita que o incremento das cotações no varejo poderá dificultar ainda mais as vendas no estado.
Do mesmo modo, em Mato Grosso, o Governo estadual decretou o aumento do ICMS de 7% para 12% nas saídas interestaduais de gado bovino em pé. Boa parte dos animais abatidos em São Paulo são provenientes da produção mato-grossense, portanto, as indústrias paulistas teriam mais um motivo de elevação nos custos da matéria-prima e restrição no consumo interno.
Fechamentos
Também na semana passada outra unidade em São Paulo encerrou suas atividades. Localizada em Santa Fé do Sul, interior do estado, o frigorífico era administrado pela JBS.
Em comunicado oficial, a empresa afirma que o motivo do encerramento das atividades é uma decisão do CADE, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que inviabilizou as atividades da planta.
Desde que a JBS arrendou a planta de Santa Fé do Sul, o CADE a obrigou a manter a mesma produtividade que a empresa anterior tinha no local.
Na sexta-feira (3 de fevereiro) A JBS confirmou que encerrou as atividades em três unidades localizadas em Três Rios (RJ), Santa Fé do Sul (SP) e Cachoeira Alta (GO), além da unidade em Coxim (MS), cujo fechamento já tinha sido informado no início do mês.
Segundo a JBS, o volume de produção dessas duas unidades, onde trabalhavam cerca de 1.000 pessoas, será transferido para outras fábricas do grupo nos estados.
Fonte: Notícias Agrícolas