Em 2017, as exportações de carne de frango devem ajudar mais nos resultados da avicultura brasileira, segundo pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Os recentes casos de influenza aviária em vários países da Europa e da Ásia tendem a redirecionar a procura por produtos de fornecedores com melhor status sanitário, como o Brasil.
A recuperação ainda lenta da economia brasileira deve seguir limitando a demanda do consumidor neste ano. Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, de 30 de dezembro de 2016, o PIB deve crescer apenas 0,5% em 2017. Porém, este cenário pode favorecer as vendas de carne de frango, especialmente nas classes de renda mais baixas, tendo em vista que é a opção mais em conta comparada às principais concorrentes, bovina e suína. Assim, o planejamento adequado de alojamento em 2017 será determinante para a manutenção dos preços firmes registrados no ano passado.
No mercado internacional, países asiáticos são os que mais podem redirecionar as compras para produtos brasileiros. Na China, em particular, além dos casos de influenza aviária registrados no país, a produção chinesa pode ser ainda comprometida pela redução das importações de genética dos Estados Unidos, alavancando as importações de carne de frango. Por outro lado, os Estados Unidos também podem ser um dos fortes concorrentes do Brasil para as vendas de carne ao mercado chinês.
Segundo estimativas do USDA, a produção norte-americana de carne de frango aumentará 2,2% em 2017, para 18.7 milhões de toneladas, e as exportações podem crescer 5%, para 3.1 milhões de toneladas. Os resultados deverão ser influenciados pelas medidas efetivas adotadas pelo novo governo daquele país.
Estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) projetam aumento de 3% a 5% nos embarques brasileiros de carne de frango em 2017. Os compradores atuais, como os países do Oriente Médio, também devem manter um bom ritmo de importação do produto brasileiro.
No geral, o cenário é positivo, mas o segmento produtivo ainda deve seguir em posição relativamente mais conservadora, com oferta controlada e atenta aos comportamentos das demandas interna e externa para definir com assertividade os ajustes no número de aves alojadas. Vale lembrar que, no início de 2016, as expectativas também eram boas em relação ao mercado internacional, mas os resultados efetivos não corresponderam à altura. De acordo com a ABPA, o crescimento da produção também deve ser de 3% a 5% em 2017.
Outro ponto favorável ao setor avícola são os preços de milho, que devem ser bem inferiores aos registrados em 2016. No mercado futuro do cereal, na BM&FBovespa, os contratos negociados para Maio/2017 fecharam na quarta-feira (4), a R$ 35,07/saca de 60 quilos, valor 30% menor que o verificado no físico nacional em maio de 2016, de R$ 51,02/saca. Naquele mês, os preços atingiram recorde nominal histórico na região de Campinas (SP), segundo levantamento da Equipe Grãos/Cepea.
Quanto à disponibilidade do milho no mercado nacional, levantamento da Conab aponta aumento de 25,9% na produção total brasileira do cereal na safra 2016/17, totalizando 83.8 milhões de toneladas. O incremento deve ser maior, de 37,7%, para o milho de segunda safra, somando 50.1 milhões de toneladas. Além disso, o setor avícola conta com a possibilidade de importação de milho dos Estados Unidos e de países vizinhos, como Argentina e Paraguai – para estes dois últimos, perspectivas do USDA estimam aumentos de 26% e de 4% na produção da safra 2016/17, respectivamente, passando para 36.5 milhões de toneladas e 3.3 milhões de toneladas.
Fonte: Cepea/Esalq