As cotações para o frango vivo encerraram mais uma semana com valorização de preços. Apesar da subida nas cotações nos últimos dias, o dia foi de estabilidade nas principais praças de comercialização nesta sexta-feira (15). Com isso, Minas Gerais mantém referência de R$ 3,10/kg, enquanto que em São Paulo as negociações estão em R$ 2,95/kg.
Diversas altas foram registradas na semana na praça mineira, segundo o levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes. A valorização chegou a 1,64% nos últimos. Nas demais regiões, o cenário é de estabilidade nas cotações.
O boletim do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) aponta que a semana foi positiva para o mercado, visto que no atacado as vendas estavam aquecidas – o que trouxe certo fôlego aos preços do animal vivo. Além disso, também existe a necessidade de reajuste para suprir os custos de produção.
“Segundo pesquisadores do CEPEA, parte do setor (produtores, integradoras e cooperativas) vinha trabalhando com margens apertadas, em função dos altos custos de produção da ave, mas a elevada oferta de animal vivo e de carne limitava o repasse dos aumentos nos custos”, explica o Centro.
Para o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, a melhora na semana está ligada a demanda mais aquecida, mas principalmente ao repasse nos custos de produção. “Outros avanços de preço se fazem necessários, até mesmo pelo fato do produtor ter começado a reter as ofertas da safrinha, o que já refletiu em um aumento nas cotações do milho durante a semana”, alerta.
Apesar do bom desemprenho, o cenário ainda gera preocupação para o setor. O presidente da APA (Associação Paulista dos Avicultores), Érico Pozzer, explica que os custos de produção estão em torno de R$ 3,00/kg, enquanto que há um ano estava em R$ 2,25/kg. A alta está diretamente ligada ao aumento no valor dos insumos utilizados na ração, para milho e farelo de soja.
Além disto, a demanda está enfraquecida no mercado doméstico deste o início do ano. Com isso, o presidente prevê queda na produção de aves no segundo semestre, em torno de 7 a 8% – o que pode impactar no mercado de grãos. “Mercado interno está em recessão, população está sem dinheiro e mesmo o frango sendo a carne mais consumida, percebemos queda no consumo”, explica Pozzer.
O levantamento da Embrapa Suínos e Aves comprova a preocupação do presidente, visto que em junho uma nova alta foi registrada no índice que mede os custos de produção, em 2,98% em comparação com os dados de maio. Com isso, o ICPFrango/Embrapa chegou a 242,32 pontos, com acréscimo de 3,31% com os gastos de nutrição. O acumulado de 2016 soma alta de 19,54%, subindo 34,41% nos últimos 12 meses.
Fonte: Embrapa Suínos e Aves
Para o segundo semestre, os custos podem continuar registrando alta devido aos problemas enfrentados na safrinha de milho e que devem ocasionar alta de preços ao cereal – que foi um dos vilões nos primeiros seis meses do ano, junto com o farelo de soja. O analista de mercado, Ênio Fernandes, explica que novas acréscimos podem ocorrer nas próximas semanas diante deste cenário.
“A colheita está andando e os relatos de produtividade estão abaixo do que o esperado. Com isso, a janela para comprar milho barato está passando e as empresas consumidoras precisam se posicionar. Acredito que nos próximos 10 a 20 dias, os preços devem voltar ao patamar de R$ 50,00 a saca na região de Campinas/SP. Ainda assim, o período crítico deverá ser observado no primeiro trimestre de 2017”, aponta Fernandes.
Exportações
Números divulgados nesta semana pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que os embarques de carne de frango in natura começaram a desacelerar nas parciais de julho. Até a segunda semana do mês foram exportados 102.100 toneladas, em que a média diária está em 17.000 toneladas.
O valor por dia representa baixa de 2,9% em comparação com o mês passado e queda de 4,5% em relação ao mesmo período de 2015. Em receita, os embarques chegam a US$ 157.1 milhões.
Já a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) projeta que as exportações devem continuar sendo favorecidas pelas compras chinesas e do Oriente Médio. Segundo a agência de notícias Reuters, a associação espera crescimento de 8%, bem acima do divulgado no início do ano – em torno de 3 a 4%.
“A China têm problemas de reservas hídricas, de migração do campo para cidade, e muitos problemas de sanidade”, disse o presidente da ABPA, Francisco Turra.
Fonte: Notícias Agrícolas