O mercado de frango vivo encerra a semana com valorização nas principais praças de comercialização. Nesta sexta-feira (29), uma nova alta foi registrada em Minas Gerais, que agora trabalha com negócios em R$ 3,20 pelo quilo do vivo. Esse é o segundo acréscimo de preços no estado, após uma semana calma.
O levantamento semanal de preços realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, aponta que a maior valorização ocorreu justamente na praça mineira. Nos últimos dois dias os ganhos foram de 3,23%.
Além dessa alta, praças da região sul também tiveram acréscimo nos preços médios pagos. No Paraná e em Santa Catarina, as cotações subiram 1,79%, com referência de R$ 2,85/kg. No Rio Grande do Sul, a alta é de 1,75% e os negócios estão em média de R$ 2,90/kg.
Já em São Paulo, as cotações seguem firmes há mais de 30 dias em R$ 2,95/kg. Porém, com as altas nas demais regiões, a praça também pode trabalhar com valorização nesta primeira quinzena do mês. A Scot Consultoria aponta que o cenário está relacionado a demanda ajustada com a oferta do estado.
Por outro lado, com a valorização do milho o poder do compra do avicultor paulista caiu em julho. “Na comparação com o início do mês, o produtor compra 15,3% menos milho com o valor de um quilo de frango. Atualmente, em Campinas (SP), o produtor compra 3,66 quilos de milho com um quilo de frango”, aponta a consultoria.
O CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) aponta em seu boletim semanal, que as altas nas cotações estão relacionadas ao repasse dos aumentos dos custos de produção. Além disto, também houve uma regulação na oferta de animais.
“Com os recentes aumentos, os preços médios do frango vivo em São Paulo e em Minas Gerais são os maiores para um mês de julho desde 2009, em termos reais. No estado de São Paulo, o preço médio do frango vivo está em R$ 2,90/kg neste mês, 6,5% superior ao de junho e 1% acima do de julho/15, em termos reais. Em Minas Gerais, a alta é de 8,4% na comparação mensal e de 3% na anual, com a média a R$ 2,99/kg neste mês”, explicam os pesquisadores do Centro.
Para o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, apesar das valorizações de preços no mês, a maior preocupação foi justamente as altas para o milho – aumentando ainda mais os custos de produção e apertando margens nas granjas. “O quadro permanece bem complicado, mas não se trata da demanda, que segue bem efetiva, tanto no mercado interno quanto externo”, comenta.
O cenário ainda é de atenção, visto que as cotações de milho e farelo de soja seguem em alta, mesmo com o período de colheita da safrinha. Para o analista da área da socioeconomia da Embrapa Suínos e Aves, Ari Jarbas Sandi, aponta que os constantes aumentos dos insumos importantes para a ração continuam prejudicando avicultores.
“No Paraná, o preço do milho no atacado simplesmente duplicou nos últimos 12 meses. Em Santa Catarina, maior produtor de suínos, este mesmo insumo obteve um aumento de preço na ordem de 88,3%. Já para o farelo de soja, matéria-prima indispensável na formulação de rações para frangos de corte e suínos, o aumento no período analisado, foi de 37,52% no Paraná e de 38,11% em Santa Catarina”, explica.
O CEPEA aponta em seu levantamento que o Custo Operacional Efetivo (COE) subiu 2,4% no primeiro quadrimestre do ano. Apenas em maio, as cotações para o milho subiram 110% em relação ao mesmo período do ano passado.
Por outro lado, a expectativa do mercado é de valorização para as próximas semanas com a virada do mês e também pela necessidade de repasse nos custos de produção.
“Temos dois fatores que podem incrementar os preços do quilo vivo entre R$ 0,05 e R$ 0,10 nas praças na primeira quinzena do próximo mês. O primeiro é o recebimento de salários por grande parte da população. O segundo é a comemoração do Dia dos Pais, que tradicionalmente proporciona uma melhora na demanda”, afirma Iglesias.
Exportações
Já os dados parciais de exportações de julho de carne de frango in natura seguem positivos, segundo aponta o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em 16 dias úteis foram embarcados 258.300 toneladas, com média diária de 16.100 toneladas. Em receita, atingem US$ 411.7 milhões.
Para o analista da Safras & Mercado, as exportações têm sido o fator de alta para os preços no cenário interno, devido ao escoamento da produção e devem encerrar o julho com volumes positivos. “Os embarques deste mês devem contabilizar volumes entre 370.000 e 390.000 toneladas, com expectativa de atingir acima de 400.000 toneladas em agosto”, sinaliza.
Fonte: Notícias Agrícolas