Ainda que os preços alcançados pelo frango no primeiro quadrimestre de 2017 sejam inferiores aos do mesmo período de 2016, o simples fato de os custos de produção virem recuando à razão de 3,5% ao mês leva muitos a concluírem que o setor vem registrando grande lucratividade. Nada mais falso. E se lucros vêm sendo obtidos, não repõem o que se perdeu não só em 2016, mas também em 2015.
Isso fica bem claro ao se analisar, a partir dos dados mensais da Embrapa Suínos e Aves, a evolução do custo de produção do frango e o valor por ele recebido pelo produtor. Como o custo levantado tem por base o estado do Paraná (aviário com climatização positiva), o preço do frango vivo é, também, o desse estado.
Partindo de janeiro de 2015, o que se observa é que na metade daquele ano (seis meses não consecutivos), o custo levantado superou o preço recebido. Em outros quatro houve, praticamente, um empate. E só no bimestre final do ano o preço alcançado pelo frango vivo superou o custo. Ainda assim, por margem mínima.
Com a explosão dos preços das matérias-primas, o ano de 2016 já começou com uma remuneração visivelmente aquém do custo registrado, situação que só foi revertida a partir de agosto e que teve seu melhor momento em novembro (preço de R$ 3,08/kg – valor 13% superior ao custo de R$ 2,72/kg). Mesmo isso, porém, ficou muito aquém do aumento de custo registrado, por exemplo, no mês de maio (custo de R$ 3,04/kg – quase 20% acima do preço recebido, R$ 2,54/kg).
Nos quatro primeiros meses de 2017 o preço alcançado pelo frango vivo superou o custo de produção levantado pela Embrapa Suínos e Aves. Mas um balanço desses 28 meses revela que os prejuízos persistem. Ou seja: os ganhos dos últimos meses ou mesmo do final do ano passado continuam insuficientes para repor as perdas acumuladas em 2015 e 2016. Isto, sem considerar que os ganhos deste ano vêm sendo obtidos à custa de uma produção visivelmente menor que a dos dois anos anteriores.
Fonte: AviSite