Forte queda nos preços mundiais do arroz

Por Patrício Méndez del Villar

 

Em julho, os preços mundiais baixaram de forma significativa em média de 6%. É a segunda queda consecutiva e a mais forte em um mês desde dezembro de 2011. Os mercados asiáticos foram particularmente afetados, exceto na Índia, onde a redução foi mais moderada. A competição exacerbada entre exportadores asiáticos continua pesando sobre os preços mundiais. Além disso, a demanda de importação continua pouco ativa e a depreciação de algumas moedas asiáticas frente ao dólar tende a amplificar este movimento.

Por outro lado, os preços estadunidenses e os do Mercosul têm resistido mais, em função de uma redução nas disponibilidades exportáveis. O Brasil parece ser uma exceção, mostrando uma forte atividade de exportação e preços mais firmes. No final de julho, os preços mundiais começaram a se estabilizar e podem subir nas próximas semanas, estimulados por novas demandas de importação, especialmente do sudeste asiático.

Em julho, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu 12,5 pontos para 203,3 pontos (base 100 = janeiro 2000) contra 215,8 pontos em junho. No início de agosto, o índice IPO marcava certa estabilidade a 201 pontos.

Produção mundial

Segundo a FAO, a produção mundial em 2018 deverá se estabelecer em 770 milhões de toneladas de arroz em casca (511.4 milhões de toneladas de arroz beneficiado), uma alta de 1,4% em relação a 2017. Estas previsões levam em conta melhores condições climáticas e preços mais atrativos, especialmente no hemisfério norte.

Na Ásia, são esperadas safras recordes, sobretudo na Índia, graças às boas chuvas e à revalorização dos preços mínimos. Esse aumento compensará parcialmente a redução esperada na produção da China, onde as autoridades buscam reduzir as áreas plantadas para compensar os excedentes de 2017 depois de colheitas excepcionais e importantes importações.

Na África, as colheitas devem aumentar 4% graças ao incremento da produção no leste do continente, especialmente em Madagascar e na Tanzânia. Nas regiões ocidentais da África, a produção também progride graças a programas de incentivo aos insumos e investimentos. Por outro lado, no Egito, as autoridades estão tentando reduzir fortemente as áreas de arroz, em pelo menos 25%, para economizar recursos hídricos.

Na América do Norte, espera-se que as colheitas voltem aos níveis normais graças a preços mais remuneradores. Enquanto isso, na América Latina, a produção 2018 deve diminuir devido à redução de 6% na produção do Mercosul, especialmente no Brasil. “Estas previsões levam em conta melhores condições climáticas e preços mais atrativos, especialmente no hemisfério norte”.

Comércio global

Em 2017, o comércio mundial deve marcar uma diminuição para 47.8 milhões de toneladas contra um nível recorde de 48.1 milhões de toneladas em 2017. Esta ligeira contração de 0,7% seria atribuída à queda de 6% nas importações africanas. No entanto, as perspectivas de fortes importações egípcias nos próximos meses podem elevar as previsões globais.

Além disso, a demanda de importação asiática deve permanecer bastante ativa, especialmente nas Filipinas e na Indonésia. Em contraste, as necessidades de importação no sul da Ásia cairiam acentuadamente. No resto do mundo, as importações devem permanecer estáveis graças a melhores disponibilidades internas. Do lado da oferta, os exportadores asiáticos devem registrar contração nas vendas, exceto no Vietnã, Paquistão e Myanmar.

Os estoques mundiais de arroz no fim de 2017 aumentaram 1% para 169.1 milhões de toneladas contra 167.5 milhões de toneladas em 2016. Em 2018, deve haver um aumento adicional de 1,2% para 171.1 milhões de toneladas, equivalente a um terço do consumo mundial. Este aumento se deve essencialmente à reconstituição de reservas chinesas e indianas. Em contraste, os estoques nos principais países exportadores continuam em declínio, exceto na Índia. As reservas dos exportadores são as menores desde 2010.

O arroz pelo mundo

Na Índia, os preços de exportação diminuíram ligeiramente e seriam menos competitivos frente aos seus concorrentes asiáticos. No entanto, a abertura do mercado chinês para os arrozes Basmati e não-aromáticos parece ser uma oportunidade para a Índia num contexto de tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos; eles esperavam de fato exportar arroz para a China.

Lembremos que a China é, desde 2012, o principal importador mundial com um volume anual de 6.5 milhões de toneladas – um mercado altamente cobiçado por todos os exportadores do mundo. As exportações da Índia mantêm um ritmo mensal de um milhão de toneladas, graças à demanda africana de arroz não aromático, que responde por mais da metade das exportações indianas deste tipo de arroz.

As vendas totais em 2018 podem chegar a 12 milhões de toneladas (das quais 8Mt seriam arroz não-aromático), com queda de 10%, mas continuando a liderar o mercado mundial à frente da Tailândia. Em julho, o arroz indiano 5% registrou estabilidade a US$ 405,00 a tonelada contra US$ 406,00 em junho. O arroz indiano 25% caiu 1,5% para US$ 373,00 contra US$ 379,00 anteriormente. No início de agosto, os preços tendiam a cair.

Na Tailândia, mais uma vez os preços de exportação caíram 8% como resultado das novas vendas públicas e da forte concorrência vietnamita. A comercialização da segunda safra e a desvalorização do bath frente ao dólar continuam também enfraquecendo os preços de exportação. As perspectivas de produção para 2018 indicam um aumento de 4% graças à extensão das áreas de arroz. Em julho, as exportações teriam baixado para 870.000 toneladas contra 900.000 toneladas em junho. Isso representaria uma redução de 3% em relação a 2017 na mesma época.

No ritmo atual, as exportações cairiam cerca de 10% em 2018, para 10.5 milhões de toneladas. No entanto, a reativação da demanda do sudeste asiático poderia dar um novo impulso às vendas externas nos próximos meses. O preço do arroz Tai 100% B foi em média US$ 389,00 a tonelada/FOB contra US$ 424,00 em junho. O arroz Tai parboilizado também caiu para US$ 380,00 contra US$ 414,00 anteriormente. O arroz quebrado A1 Super recuou para US$ 347,00 de US$ 371,00 em junho. No inicio de agosto, os preços tendiam a subir ligeiramente.

No Vietnã, os preços do arroz caíram 11%, seguindo os preços tailandeses, para permanecerem competitivos em seus mercados tradicionais da Ásia (China, Filipinas, Indonésia e Malásia). O Vietnã também espera reativar suas vendas na África Ocidental – mercado que representa apenas 15% das exportações vietnamitas, contra 70% nos mercados asiáticos, especialmente o mercado chinês, que representa 40% de suas vendas externas.

Apesar de uma diminuição em julho, as exportações vietnamitas ainda registraram um avanço de 14% em relação a 2017 na mesma época e poderiam chegar a 7.2 milhões de toneladas, superando 15% em relação ao ano passado. O Viet 5% caiu para US$ 399,00 a tonelada contra US$ 448,00 em junho. O Viet 25% também caiu para US$ 377,00 de US$ 426,00 em junho. No início de agosto, os preços permaneceram estáveis.

No Paquistão, os preços de exportação caíram 6%, em parte devido à depreciação da rupia em relação ao dólar e à desaceleração do mercado externo. As vendas paquistanesas teriam caído novamente para 230.000 toneladas contra 272.000 toneladas em junho, mas ainda conservam um avanço de 25% em relação a 2017 na mesma época.

Tradicionalmente, as vendas paquistanesas são fracas durante o período de julho a setembro. Estas devem se reativar a partir do quarto trimestre do ano. No total, as exportações podem atingir um volume recorde de 4.3 milhões de toneladas em 2018. Em julho, o Pak 25% foi cotado a US$ 372,00 a tonelada contra US$ 395,00 em junho. No início de agosto, os preços tendiam a subir.

Nos Estados Unidos, os preços de exportação permanecem relativamente estáveis dentro de um mercado menos ativo. As exportações mensais teriam novamente caído para 148.000 toneladas contra 160.000 toneladas em junho. O México continua sendo o principal cliente com 24% das vendas dos EUA, seguido do Haiti (15%) e do Japão (15%). O preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 foi valorizado em 1% a US$ 562,00 a tonelada contra US$ 558,00 em junho. No início de agosto, os preços permaneceram estáveis.

Na Bolsa de Futuros de Chicago, os preços futuros do arroz em casca valorizaram 4% para US$ 263,00 a tonelada contra US$ 252,00 em junho. No início de agosto, os preços futuros tendiam a cair, marcando uma média de US$ 250,00.

No Mercosul, os preços de exportação caíram 1%. A produção de 2018 teria diminuído globalmente devido a atrasos no plantio e à redução das áreas plantadas. As exportações brasileiras continuaram progredindo e marcaram um forte avanço de 170% em relação ao ano passado na mesma época.

Por outro lado, no Uruguai, as vendas externas teriam atrasos de 10% e na Argentina, até 60%. O preço indicativo do arroz em casca brasileiro se recuperou novamente, em 7%, para US$ 220,00 a tonelada contra US$ 206,00 em junho. No início de agosto, o preço continuava subindo para US$ 233,00.

Na África Subsaariana, os preços domésticos do arroz permanecem estáveis graças às boas disponibilidades de arroz importado. As reservas seriam satisfatórias e a demanda de importação está atualmente fraca. Segundo as previsões, as exigências de importação serão menos importantes em 2018, com uma possível queda de 6%, o que contrasta com o salto nas compras externas de 20% em 2017.

 

Fonte: Planeta Arroz

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