Hoje foi mais um dia de queda dos preços do milho no mercado interno brasileiro. Segundo o levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, em Mato Grosso, nas praças de Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, a saca recuou 3,70%, cotada a R$ 26,00. Em Panambi (RS), a queda foi de 3,29%, com a saca cotada a R$ 30,00.
As cotações ainda cederam no Estado do Paraná, em Mato Grosso do Sul e São Paulo. Já no Oeste da Bahia, a saca voltou a subir 3,64%, cotada a R$ 39,90. Em São Gabriel do Oeste (MS), a alta foi de 1,92%, com a saca cotada a R$ 26,50. No Porto de Paranaguá, a saca no mercado futuro se manteve a R$ 35,00.
Na visão do pesquisador do Cepea, Lucílio Alves, o mercado iniciou 2017 mais pessimista em relação aos preços. “O cenário é reflexo do excedente doméstico em relação às estimativas previstas até então, o ritmo satisfatório que favoreceu o desenvolvimento da safra de verão e o otimismo para a segunda safra de milho”.
Com a queda nas exportações previstas para o ciclo 2015/16, inicialmente estimadas em 24 milhões de toneladas e, atualmente, em 18.3 milhões de toneladas, os estoques de passagem também foram revistos para cima. “Com isso, ao invés de termos 5 milhões de toneladas de excedente doméstico, teremos mais de 9 milhões de toneladas de estoque de passagem, o que implica em um mês de consumo”, disse Alves.
No caso da safra de verão, a estimativa é que sejam colhidas 28.40 milhões de toneladas, segundo números da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Já a segunda safra deve ficar próxima de 56 milhões de toneladas nesta temporada. “Isso leva a um ambiente diferente, mais favorável aos compradores do que aos vendedores”, disse Alves.
Por outro lado, o consumo interno para a temporada também foi estimado em 56.10 milhões de toneladas. “A previsão para a segunda safra é praticamente a estimativa de consumo doméstico, com isso, a safra de verão será o excedente do mercado interno. E para mudar a perspectiva de preços, precisaremos manter um bom ritmo de exportações, acima de 24 milhões de toneladas, ou de algum fator que interfira no tamanho da oferta”, disse o pesquisador.
Em meio a esse quadro, os últimos dias foram de poucos negócios. “Ainda assim, temos nas principais regiões do Brasil preços remuneradores e que superam o custo total de produção. Em regiões como no norte de Mato Grosso e outras regiões de fronteira, o preço já está no limite de equilíbrio em relação ao custo total”, disse Alves.
BM&F Bovespa
Os contratos futuros do milho negociados na BM&F Bovespa esboçaram uma reação. Após as quedas recentes, os principais vencimentos subiram e registraram ganhos entre 0,12% e 2,49%. O vencimento janeiro/17 fechou cotado a R$ 34,60/saca e o março/17 a R$ 34,00/saca.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros do milho registraram um dia de volatilidade. Depois de registrar perdas mais fortes ao longo da sessão, os principais vencimentos reduziram o movimento de baixa e finalizaram o dia em queda de 1,00 a 1,50 centavos. O vencimento março/17 fechou cotado a US$ 3,57 ¼ e o maio/17 a US$ 3,64 o bushel.
Segundo as agências internacionais, o movimento é decorrente da postura do mercado em ajustar as posições antes do relatório de oferta e demanda do USDA, que será divulgado nesta quinta-feira (12 de janeiro). “Além da menor produção no país, o USDA poderia aumentar o volume de milho destinado à produção de etanol também”, destacou o site Farm Futures.
Sem grandes novidades no quadro fundamental, os participantes do mercado acompanham o desenvolvimento da safra na América do Sul. “Embora o foco tenha sido mais na soja, haverá alguns hectares de milho perdidos na Argentina devido às inundações na parte central do país”, disse o consultor da Soybean and Corn Advisor, Michael Cordonnier.
Fonte: Notícias Agrícolas