Neste Ano Internacional das Cooperativas, números divulgados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento esta semana mostram que as entidades associativas de produtores rurais seguem fortes em busca de resultados cada vez mais expressivos. Segundo o Mapa, nos dois primeiros meses após o lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2012/13, os financiamentos contratados por meio do Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop) e do Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro) somaram R$ 226,9 milhões. “A série histórica (de incentivos) dos últimos anos demonstra que a tendência é de crescimento da demanda por créditos”, avalia o diretor da SNA Alberto Figueiredo.
O Prodecoop financiou R$ 140,6 milhões, um aumento de 7% sobre igual período da safra passada (2011/12). As normas de enquadramento das ações desenvolvidas no âmbito do Prodecoop foram alteradas para o Plano Safra 2012/13, com ênfase no financiamento a operações de investimento. O governo disponibilizou recursos de R$ 2 bilhões para o apoio financeiro a investimentos no processo produtivo, beneficiamento, industrialização e armazenagem de produtos agropecuários, às ações de adequação sanitária e de recuperação de solos. Além disso, o limite de financiamento aumentou, passando de R$ 60 milhões para R$ 100 milhões por cooperativa. O juro na contratação do financiamento é de 5,5% ao ano.
Dentro da política de apoio ao cooperativismo, o ministério também elevou os recursos disponibilizados através do Procap-Agro (Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias) com destaque para maior disponibilidade para financiamento de capital de giro ao setor. Para a atual safra, os recursos totalizam R$ 3 bilhões, o que corresponde a um aumento de 50% em relação à safra anterior. Na modalidade capital de giro, o limite de crédito passa a ser de R$ 50 milhões por cooperativa. Apenas nos dois primeiros meses pós lançamento do Plano Safra, o programa desembolsou R$ 86,3 milhões (julho/agosto). Quem buscar o financiamento poderá contratá-lo com taxa de 5,5% ao ano quando destinado à capitalização da cooperativa, ou 9% ao ano, no caso de capital de giro.
Leia abaixo uma entrevista com o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura Alberto Figueiredo.
SNA: Como o senhor avalia essa resposta inicial aos programas de incentivo?
AF: A avaliação relativa a um volume tão expressivo de crédito tomado por cooperativas é positiva, porque demonstra a existência, no Brasil, de entidades associativas de produtores rurais com número de produtores e volume de produtos entregues para comercialização, capazes de assumir tais compromissos.
SNA: Quais os benefícios de os produtores se unirem em cooperativas no setor agrícola na hora de buscar financiamentos?
AF: A união de produtores em torno de cooperativas, administradas por eles próprios, aumenta a capacidade de exercitarem compras de insumos em escala, portanto em condições de menores preços, além de possibilitar, pela venda em comum, a escolha das melhores alternativas de valores e épocas mais adequadas para comercialização. Tendo em vista que essas entidades não tem objetivo de lucro, todos os resultados positivos, quer pela economia nas compras, quer pelos melhores valores de venda, são revertidos para os associados, proporcionalmente ao volume de negócios que realizaram com as cooperativas às quais são associados. Entendemos que todos os esforços devem ser envidados, principalmente pelas entidades representativas do setor cooperativista, no sentido de fomentar a integração do maior número possível de produtores rurais brasileiros a cooperativas, bem como a formulação de acordos comerciais entre cooperativas para que, através de ações complementares, possam atingir resultados sinérgicos pela economia de escala.
SNA: Esses financiamentos tendem a crescer nos próximos anos? Em que esses recursos podem ser aplicados para o bom desenvolvimento do cooperativismo no Brasil?
AF: A série histórica dos últimos anos demonstra que a tendência é de crescimento da demanda por créditos. A aplicação dos recursos subsidiados deve obedecer a duas lógicas fundamentais, imprescindíveis para o desenvolvimento do sistema cooperativo de produtores rurais no Brasil: investimentos em infraestrutura para armazenamento e para o processo de industrialização que agregue valores aos produtos entregues pelos associados às cooperativas para comercialização e custeio para compra de insumos e para formação de estoques durante períodos de safra, permitindo a comercialização a preços melhores quando do aumento da procura.