O Índice de Produção Agroindustrial Brasileira (PIMAgro) calculado pelo Centro de Estudos em Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro) refletiu com todas as cores a crise provocada pela pandemia da Covid-19 no País e despencou em abril.
Segundo cálculos recém-concluídos, o indicador caiu 5,10% em relação a março. e na comparação com abril de 2019 a baixa foi de 16,50%, a maior desde o início da série histórica, em 2003. Nos cinco primeiros meses do ano, a baixa em comparação a igual intervalo do ano passado chegou a 5,40%.
O PIMAgro é baseado em dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE e nas variações do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), da taxa de câmbio e do Índice de confiança do Empresário da Indústria de Transformação (ICI) da FGV.
“O mês de abril foi marcado por uma restrição mais intensa de circulação de pessoas e de funcionamento dos setores econômicos no Brasil, o que impactou tanto a oferta como a demanda por produtos agroindustriais”, destaca a análise do FGV Agro.
Segundo os dados compilados pelo centro de estudos, o tombo de abril foi determinado por retrações de 27,40% no segmento de produtos não alimentícios e de 5,80% na área de alimentos e bebidas.
No primeiro grupo, a queda mais aguda foi registrada na produção têxtil (62,70%), seguida pelas quedas das agroindústrias de borracha (54,50%), fumo (12,30%) e insumos (1,500%). Mas houve alta de 9,6% no segmento de biocombustíveis, a exceção positiva nessa frente.
Segundo o FGV Agro, a produção de alimentos também cresceu, 6%, sustentada por um avanço de 25,70% no segmento de produtos vegetais puxado pelo refino de açúcar e pelo processamento de arroz. Na área de produtos de origem animal, foi registrada queda de 7%.
“Os dados possivelmente, refletem o chamado ‘efeito substituição’, ocasionado pela redução (ou expectativa de queda) da renda”, indica o FGV Agro.
” É possível notar que a produção de produtos com valor agregado maior (como carne bovina) vem sendo substituída pela de carnes mais acessíveis (como de aves e suína). No caso das carnes, além do efeito da renda, pode-se destacar os efeitos indiretos do aumento das vendas externas de carne bovina”.
Já a produção de bebidas definhou de forma geral em abril. A de bebidas alcoólicas amargou retração de 59,10% em relação ao mesmo mês de 2019, enquanto a de bebidas não alcoólicas diminuiu 40,70%.
Valor Econômico