FGV Agro: pioram as perspectivas para as agroindústrias

As incertezas acerca dos reflexos do Coronavírus sobre as economias brasileira e global, cada vez mais negativos, levaram o Centro de Estudos em Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro) a revisar para baixo suas estimativas para o crescimento da agroindústria brasileira em 2020.

No novo cenário traçado, o FGV Agro passou a estimar o avanço do segmento em geral no ano em 0,70%, em relação ao crescimento estimado inicialmente em 1,40%. A redução é fruto de ajustes para baixo tanto na área de alimentos e bebidas, de 2,10% para 1,10%, quanto na de produtos não-alimentícios, de 0,80% para 0,40%.

“Por trás dessas revisões, há expectativa de menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), menor confiança do empresário industrial e leve redução das exportações. A contração das expectativas foi aliviada pelo dólar mais caro”, informou o FGV Agro.

Em janeiro, o desempenho foi positivo. O Índice de Produção Agroindustrial Brasileira (PIMAgro) calculado pelo centro da FGV registrou altas em relação a dezembro (3%) e na comparação com janeiro de 2019 (0,50%).

O PIMAgro é baseado em dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e nas variações do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), da taxa de câmbio e do Índice de confiança do Empresário da Indústria de Transformação (ICI) da FGV.

Em relação a dezembro, o aumento registrado foi puxado pelos produtos não-alimentícios (4,40%), mas também houve crescimento no ramo de produtos alimentícios e bebidas (1,20%), com destaque para a alta de 9,70% da produção de alimentos de origem animal.

Em relação a janeiro de 2019, o resultado foi garantido pelo segmento de produtos alimentícios e bebidas, que registrou expansão de 0,90%. No caso dos produtos alimentícios, houve crescimento de 0,80%, graças ao forte avanço da produção de alimentos de origem vegetal (8,40%). Na área de produtos de origem animal, a variação foi negativa (2,70%).

Na área que inclui os produtos não-alimentícios houve estabilidade, mas algumas oscilações chamaram a atenção. Enquanto os biocombustíveis cresceram 16,50%, na produção de borracha a retração chegou a 8,60%. Outro ramo que registrou desempenho negativo nessa mesma comparação foi o de insumos (2,20%).

Consultorias consultadas pelo Valor nos últimos dias temem que o cenário piore nos próximos meses, tendo em vista a paradeira das atividades em diversos países. No mercado de açúcar, por exemplo, as estimativas para o consumo global já começaram a ser reduzidas de forma expressiva, e o mesmo poderá acontecer em outras frentes.

Até agora, as previsões oficiais sinalizam para um aumento do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária nacional em 2020, de cerca de 8,20% em relação a 2019, para o recorde de R$ 683.2 bilhões e, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do agronegócio do País como um todo também crescerá no ano, entre 3% e 4%.

 

Valor Econômico

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